PF quer investigar doações ao Instituto Lula, mas e quanto ao IFHC?

Segundo a grande mídia, a Operação Lava-Jato vai solicitar à Camargo Corrêa que explique os motivos de três pagamentos devidamente contabilizados realizados ao Instituto Lula que totalizam R$ 3 milhões entre 2011 e 2013. No entanto, a mesma construtora doou R$ 7 milhões ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para a criação do instituto que leva seu nome. Dessa doação, não há nada que se explicar?

FHC e Polícia Federal

A informação sobre a investigação foi feita pelo delegado Igor Romário de Paula, que diante dos holofotes da imprensa disse que “muito provavelmente” as doações serão objeto de uma nova investigação, para apurar motivo e origem dos recursos transferidos. No entanto, o mesmo questionamento não se faz, nem pela Polícia Federal e nem pela grande mídia, sobre as doações da empreiteira ao Instituto FHC e demais partidos.

“A Camargo será com certeza chamada a explicar as doações. Se as explicações não forem satisfatórias provavelmente o Instituto [Lula] será questionado. Se ainda assim não se chegar a um fundamento legal para as doações, aí sim poderá ser instaurado um inquérito”, disse Igor Romário de Paula, que é chefe da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado (DRCOR) em Curitiba.

A Camargo Corrêa foi uma das empresas que mais doou em eleições a partidos como PSDB, PMDB, PDT, PTB, PPS, DEM, PR e PSB, além do PT. Doações feitas entre julho de 2008 e dezembro de 2013 somam R$ 183,79 milhões.

Essa informação é parte do laudo elaborado pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato que aponta pagamentos feitos pela companhia a 42 empresas entre 2008 e 2013, mas ao que tudo indica, as investigações seguem o script da mídia e lançando suspeitas apenas sobre o Instituto Lula.

“O que nos parece é que ele [o laudo] reforça principalmente a tese que vem se confirmando de que as doações legais não são doações. São repasses fruto de contratos fechados com pagamento de propina”, explica o delegado. Mas segue afirmando que os pagamentos feitos aos Instituto Lula “isso é trazido aos autos pela primeira vez. Precisa aprofundar”.

O Instituto Lula, por sua vez, divulgou nota rebatendo o que classificou como “mais factoides, má fé e preconceito de parte da imprensa contra um ex-presidente”.

“Não há rigorosamente nenhuma novidade no noticiário referente à contratação de palestras, por meio da LILS, e de contribuições ao Instituto Lula por parte da empresa Camargo Corrêa – que já havia prestado tal informação ao jornal Folha de S. Paulo no dia 22 de março de 2013. O que existe é mais uma tentativa de escandalizar as atividades legais e legítimas do ex-presidente”, diz a nota.

Além da Polícia Federal, CPI da Petrobras também decidiu “investigar”. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aprovou nesta quinta (11) requerimentos para convocar o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e o tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010, José de Filippi Júnior.