Central de "vazamentos" da Lava Jato divulga bilhete de empreiteiro

A Polícia Federal informou ao juiz Sérgio Moro ter apreendido na segunda-feira (22) um bilhete supostamente manuscrito pelo empresário Marcelo Odebrecht, que seria entregue a seus advogados em que ele teria pedido para destruir mensagens eletrônicas sobre sondas. No entanto, a informação também foi encaminhada para um jornalista do Estadão que além de divulgar o fato tinha em seu poder uma cópia do bilhete.

Segio Moro prêmio o globo

Os policiais informaram ao Moro e ao Estadão que o bilhete chamou atenção porque contém a expressão "destruir e-mails sondas". Segundo o jornal, a PF informou ao juiz que encontrou o bilhete nas averiguações de rotina das correspondências dos internos.

Por segurança resolveram informar o juiz Moro sobre o fato e, para não perder a viagem, encaminharam também uma cópia para o Estadão. Será que foi por segurança também? Afinal, o juiz poderia perder a cópia.

Ainda segundo a fonte do jornal, nesta terça (23) a defesa da empresário entregou petição ao juiz Moro esclarecendo o conteúdo do recado de seu cliente. "Vieram ao meu gabinete os profissionais Dr. Rodrigo Sanches Rios e Dra. Dora Cavalcanti Cordani, os quais ponderaram que o verbo 'destruir' se referia a uma estratégia processual e não a supressão de provas, destacando que o documento original teria sido levado a São Paulo por outro advogado e que iriam apresentá-lo", disse o delegado Eduardo Mauat da Silva, em despacho remetido a Moro que o Estadão também teve acesso.

No ofício, o delegado diz que solicitou à defesa da Odebrecht a via original do bilhete, mas que, até aquele momento, não havia sido atendido.

O referido e-mail, cujo empresário teria pedido para destruir os demais, foi usado como prova pela Polícia Federal para prender o empreiteiro, que teria sinalizado na mensagem datada de 2011, de acordo com os investigadores, ter conhecimento da prática de sobrepreço na empresa. Ainda segundo os investigadores, a conversa trata com outros funcionários da empreiteira da colocação de sobrepreço de US$ 25 mil por dia em contrato de afretamento e operação de sondas que envolve também a Sete Brasil.

O uso de informações das investigações para politização por parte da imprensa, violando o devido processo legal, tem sido uma marca da Operação Lava Jato. Com acesso irrestrito aos autos, a grande mídia usa as investigações para fazer ilações, acusar e condenar supostos envolvidos, de acordo com seus interesses, antes mesmo da sentença de Moro.

Essa avaliação está longe de ser uma conclusão do senso comum. Um dos mais renomados juristas brasileiros, Dalmo Dallari, especializado em Direito Constitucional, afirma que há exagero nas decretações de prisões preventivas. “(Os presos) são pessoas que têm domicílio fixo, são facilmente encontráveis, e não há perspectiva de que queiram fugir do país, nem teriam interesse nisso. Acho que isso também caracteriza um exagero, é o tratamento politizado. Especialmente do Paraná vem vindo esta ação exagerada”, afirmou Dallari.

Outro jurista a comentar sobre a Lava Jato foi Celso Antônio Bandeira de Mello. Para ele, o juiz federal Sérgio Moro "tem parecido ser um sujeito muito arbitrário e em busca de prestígio na imprensa". "Essa é a impressão que ele me dá. Não se pode ter certeza absoluta, mas que me dá má impressão, dá", destacou o jurista. Bota impressão nisso.