Luciana Santos: Forças vivas da nação devem defender a democracia

Reunindo as mais altas autoridades do país – o presidente da República em exercício, Michel Temer, e os presidentes do Senado e da Câmara, ministros e parlamentares, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) realizou ato político, na tarde desta quarta-feira (1º/7), no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, para apresentar sua nova presidente: a deputada federal Luciana Santos (PE). 

Ato político na Câmara apresenta nova presidenta do PCdoB - Agência Câmara

A fala da nova presidenta do Partido, após as saudações dos convidados, foi precedida da palavra de ordem puxada pela juventude socialista: “No meu partido/ Eu boto fé/ Por que ele é/ Presidido por mulher”.

O ex-presidente do Partido, Renato Rabelo, que passou o cargo para Luciana Santos após 13 anos de gestão, disse que ela assume a função em um período de grandes desafios no Brasil e no mundo, que é a retomada do crescimento, levando em conta a crise econômica global.

Luciana manifestou disposição de enfrentar o desafio das lutas do povo de garantir mundo mais justo e da frente ampla – de partidos, setores produtivos e movimentos sociais – na perspectiva da defesa dos interesses nacionais.

“As forças vivas do nosso país estão sendo chamado, dentro da normalidade democrática, a defender o estado democrático de direito, porque temos a sensação de viver em um estado de exceção. A cada sinal de retomada da iniciativa política do nosso projeto, do nosso governo, a gente vê se levantar a reação em cadeia que se assiste no país; e para isso é preciso firmeza e clareza de rumo e por isso está em atividade um conjunto de ações de defesa do mandato Dilma e medidas para retomar o crescimento do nosso país”, discursou a nova presidenta do PCdoB.

Ela disse ainda que essa luta “é de levar adiante os ajuste e fortalecer o papel de Temer como articulador político do governo”, destacando o plano de concessões, o plano safra, a agricultura familiar, o Minha Casa, Minha Vida, as exportações. Ela disse que é importante “realçar que isso existe e está em curso, porque não tem espaço na disputa da comunicação que precisamos fazer no nosso país.”

Nova geração

Renato Rabelo destacou que “para o PCdoB, a democracia e a legalidade institucional têm papel fundamental. Não é discurso, a trajetória do partido demonstra isso, por isso o PCdoB se insurge contra qualquer tentativa de violar a ordem constitucional.”

E, emocionado, Rabelo enfatizou que “a luta em defesa do estado democrático de direito é uma luta na ordem do dia e o PCdoB tem escrito em seu programa o objetivo de construir uma grande nação democrática, soberana desenvolvida e solidária – o socialismo, na compreensão do PCdoB.”

Rabelo concluiu sua fala destacando que “o PCdoB tem a compreensão de que é preciso que as novas gerações ocupem o seu lugar, porque a caminhada é longa. Não vamos alcançar os objetivos imediatamente, por isso a ascensão de Luciana Santos à presidência do PCdoB é a ascensão da nova geração, que vai dar continuidade a luta para que a gente alcance esses grandes objetivos. E o PCdoB continua assim sua história como instrumento na construção civilizacional em todos os terrenos.”

País tem jeito

Em resposta ao discurso Rabelo, Luciana disse que “temos convicção de que esse país tem jeito, de que é possível construir o socialismo, precisamos de mais democracia e mais direitos, que não podemos deixar retroceder”, citando como exemplo a luta contra a redução da maioridade penal, o que provocou manifestação da plateia, de aplausos e gritos de apoio.

E, citando Barbosa Lima Sobrinho, disse que no Brasil só existem dois partidos – o de Tiradentes e o de Joaquim Silvério dos Reis. E que o seu Partido vai enfrentar a disputa dos dois projetos antagônicos – de um lado o estado mínimo, que está sob a lógica do rentismo, e do outro lado o estado necessário – nem máximo e nem mínimo – mas necessário para induzir a economia, a inclusão social e promover as reformas estruturantes no país.

Ao encerrar seu discurso, Luciana Santos lançou mão do poema A Meu Partido, de Pablo Neruda, que tem se tornado marca registrada em seus discursos: “Me fizeste ver a claridade do mundo e a possibilidade da alegria/ Me fizeste indestrutível porque contigo não termino em mim mesmo.”

Brasil sem crise

O presidente em exercício, Michel Temer, ao encerrar as saudações à nova presidenta do PCdoB, disse que o Brasil não está em crise como quer fazer crê a oposição e a mídia conservadora. “Devemos combater os oradores que falam sobre crise. O Brasil não está em crise. Não temos crise, não vamos ter e você Luciana Santos, ao dar continuidade as atividades de Renato Rabelo, vai ajudar o governo a levar o país para o desenvolvimento, crescimento e democracia especial que estamos vivendo”, discursou Temer.

Temer disse que homenageava Luciana Santos, Renato Rabelo e o PCdoB, mas que acima de tudo homenageava a ideia que atravessou anos e anos, que começou em 1917, em referência a Revolução Russa, que ganhou projeção mundial, de que o mundo não existe em função de categoria social elevada, mas com a compreensão dos desprotegidos.

Outras homenagens

A líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), que funcionou como mestre de cerimônia, destacou “o orgulho de presidir esse ato e ser partícipe desse processo de renovação do partido, o primeiro a ser presidido por uma mulher.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), falou sobre a trajetória e o papel do PCdoB na organização da sociedade brasileira e na democratização do nosso país. E que, ao assistir a posse da nova presidenta do Partido, testemunha “a evolução desse partido que foi fundamental para história do nosso país e continuará sendo fundamental e insubstituível na construção dos avanços que são cobrados pela sociedade brasileira.”

Também o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), falou sobre a trajetória do PCdoB: “O PCdoB é um partido que tem história, convicção, a gente pode divergir, mas temos que reconhecer que o Partido tem posições e soube participar dos momentos importantes da história e contribuir para a democracia do país.”