Governo grego pode se dissolver se o "sim" vencer o referendo

O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, disse, nesta quinta-feira (2), à rádio australiana que o seu governo poderá demitir-se no caso da vitória do “sim” no referendo do próximo domingo (5), mas que dialogará com os sucessores.

Yanis Varoufakis

“Podemos demitir-nos, mas o faremos em espírito de cooperação com os que vierem”, declarou Varoufakis, em entrevista à rádio pública australiana ABC.

No referendo do próximo domingo, os gregos vão ser consultados se aceitam ou não os termos propostos pelos credores (Fundo Monetário Internacional, União Europeia e Banco Central Europeu) para manter o financiamento ao país.

O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, disse, na quarta-feira (1º/7) estar convencido de que um acordo pode ser alcançado rapidamente após o referendo de domingo, porque os credores da Grécia estão prontos para uma solução. “Na segunda-feira (6), os credores terão a mensagem do povo grego. Eles estão prontos para um acordo, mas queriam ouvir o povo”, declarou o ministro à televisão pública grega ERT.

“A Grécia quer ter, na segunda-feira de manhã, uma discussão substancial sobre uma solução viável, que contemple nossas propostas sobre uma restruturação da dívida e sobre a reforma da economia”, acrescentou. “Estamos dispostos a aceitar medidas difíceis se essas condições estiverem presentes”, disse ele.

Defendendo mais uma vez o voto "não" no referendo, o ministro alegou que a rejeição do acordo proposto pelos credores dará peso à posição grega. “Na segunda-feira, precisamos de encontrar uma solução no quadro do Eurogrupo”, insistiu. O ministro disse ainda que o governo poderá suspender as medidas de controle de capitais e de fechamento dos bancos, em vigor desde segunda-feira (29), imediatamente, caso um acordo seja alcançado.

Horas antes da entrevista, no seu blog pessoal, Yanis Varoufakis apresentou seis argumentos para votar "não" no referendo sobre a proposta dos credores – Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional (FMI) – para desbloquear ajuda financeira ao país.

“As negociações chegaram a um impasse porque os credores da Grécia se recusaram a reduzir a nossa dívida pública insustentável e insistiram que ela deve ser paga parametricamente [em valores constantes, com base em parâmetros] pelos membros mais fracos da nossa sociedade, os seus filhos e os seus netos”, escreveu o ministro.

Desde o anúncio do referendo, acrescentou o ministro, a Europa tem enviado sinais de que está pronta para discutir a reestruturação da dívida. “Isso mostra que as instituições europeias também votariam não à sua própria oferta final”, escreveu.

O ministro reiterou que a permanência da Grécia na zona do euro e na União Europeia não é negociável e assegurou que os depósitos nos bancos gregos estão seguros. “O futuro pede uma Grécia orgulhosa, dentro da zona do euro e no coração da Europa”, concluiu o ministro. Para ele, isso implica os gregos dizerem "não" no domingo, porque esse voto confere ao governo o poder necessário para renegociar a dívida do país.

"A União monetária é irreversível", disse o ministro segundo o jornal Le Figaro. "Nós queremos desesperadamente mantermonos no euro, mesmo não concordando com questões institucionais".