Ministros e ONU repudiam ofensas sexistas a presidenta Dilma

A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, recebe nesta sexta-feira (3) o diretor de Relações Governamentais do site de vendas Mercado Livre, Murilo Laranjeira. Ele pediu na quinta-feira (2) para falar com a ministra depois que adesivos com ofensas de cunho sexual à presidenta Dilma Rousseff foram expostos à venda no site.

Dilma - Roberto Stuckert Filho

Eleonora Menicucci informou que o material foi produzido em Recife e que foram vendidas cinco unidades, cada uma a R$ 38,90. “Eu vou ouvir, mas comunicarei a ele que, do ponto de vista civil e penal, ele também será responsabilizado”, disse a ministra, que fez representação ao Ministério Público Federal, à Advocacia-Geral da União e ao Ministério da Justiça pedindo investigação e punição para os responsáveis. O Mercado Livre é uma espécie de vitrine para vendedores independentes comercializarem seus produtos. Os adesivos foram retirados do site.

Durante a entrega da pauta de reivindicações da 5ª Marcha das Margaridas, Eleonora Menicucci, e os ministros Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e Tereza Campello, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, repudiaram a ofensa e disseram que a consideram uma violência de caráter machista contra todas as mulheres.

A ONU Mulheres emitiu nota de repúdio aos “ataques sexistas” a Dilma e disse que se trata de violência política sem precedentes. A nota ressalta que “é ultrajante e extremamente agressiva a apologia de violência sexual" contra a presidenta, retratada em adesivos para automóveis, como "expressão de misoginia [ódio, desprezo ou repulsa ao gênero feminino e às características a ele associadas] e interpelação dos direitos humanos de mulheres e meninas”.

A entidade defende que nenhuma discordância política ou protesto pode abrir margem ou justificar a banalização da violência contra a mulher – prática patriarcal e sexista que invalida a dignidade humana.

O Mercado Livre, como mostra a Wikipédia, é um dos campeões de queixas de consumidores no site Reclame Aqui, no qual aparece como “não recomendado”.

A nota dos usuários, de 0 a 10, é de 1,6. Quase 80% dos usuários disseram, no Reclame Aqui, que não voltariam a fazer negócio lá.

Num período de seis meses, houve mais de 7 000 reclamações – sem que uma única delas tivesse sido atendida. Na Justiça, por tudo isso, são inúmeros os processos contra o Mercado Livre.

Segundo a Wikipédia, em ações judiciais “raramente o Mercado Livre é absolvido”, embora em seus termos e condições estar escrito que a empresa não se responsabiliza pelas negociações.

“A Justiça tem entendido que quando a empresa cobra do vendedor uma comissão pelo anúncio e intermedeia com regras as negociações, ela é responsável também pelos negócios realizados”, diz a Wikipedia.

A venda dos adesivos de Dilma enquadra-se dentro dessa lógica de co-responsabilidade.