Agressão israelense contra Gaza, aguda crise humanitária após um ano

O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) emitiu, nesta segunda-feira (6), um boletim que reflete a devastação imperante na Faixa de Gaza, um ano depois da agressão israelense contra esse território palestino.

Faixa de Gaza - Reuters

De acordo com o documento divulgado, os bombardeios aéreos e ataques terrestres que aconteceram de 7 de julho a 26 de agosto de 2014 deixaram 2.620 moradias totalmente destruídas e 6.455 danificadas seriamente, o que deslocou 17.670 famílias, algo em torno de 100 mil pessoas.

"Há um ano das hostilidades, nem uma só das casas destruídas foi reconstruída, ações esperadas para a segunda metade de 2015", advertiu a agência especializada.

Segundo o OCHA, menos de um por cento dos materiais de construção requeridos para levantar as estruturas chegaram à Gaza, onde Israel mantém desde 2007 um férreo bloqueio, apesar do repúdio mundial.

O Escritório detalhou em seu relatório que a guerra na Faixa, a terceira agressão israelense nos últimos sete anos contra o território de 1,8 milhão de habitantes, provocou cerca de 500 mil deslocados nos momentos mais críticos do conflito.

Grande parte dessas pessoas foram levadas a abrigos de emergência da Agência das Nações Unidas para os refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA, na sigla em inglês).

Apesar do reacomodamento de muitas dessas pessoas em moradias de familiares, apartamentos alugados, barracas e unidades pré-fabricadas – o último dos refúgios habilitados pela Unrwa fechou no mês passado – persiste o drama humanitário em Gaza.

O boletim do OCHA reflete que as condições de vida dos deslocados geram preocupação devido à falta de acesso a serviços básicos e privacidade, à violência de gênero e às tensões com as comunidades anfitriãs.

“Não menos inquietudes despertam os projéteis não detonadas disseminados pelo terreno e as condições extremas do clima, o que conforma um cenário adverso, que exacerba as vulnerabilidades de alguns setores populacionais, como as crianças e as mulheres”, agregou.

O OCHA pediu que se multipliquem os esforços de reconstrução, na sua opinião, afetados pelo bloqueio israelense e pela falta de funcionalidade do governo palestino na Faixa, "ante as divisões internas".

Além disso, demandou à comunidade internacional que cumpra seus compromissos de assistência financeira para os trabalhos de recuperação no território de 360 quilômetros quadrados.

“Para que não se repitam tais episódios de destruição e morte, mais de dois mil palestinos perderam a vida nos ataques do verão passado, a ONU defende o reinício das negociações de paz entre as partes, com objetivo de que se materialize a solução dos dois Estados”.

Telavive insiste em manter a ocupação iniciada em 1967 e na colonização mediante milhares de novos assentamentos judeus, postura conceituada como o principal obstáculo para uma saída pacífica do conflito.