Mais de 1.500 civis mortos em conflito no Iêmen

Ao menos 1.528 civis morreram e 3.605 ficaram feridos pelo conflito no Iêmen no período de 27 de março a 3 de julho, lamentou uma porta-voz das Nações Unidas.

Xiitas no Iêmen

Em declarações à imprensa, Cécile Pouilly, porta-voz do Alto Comissionado da ONU para os Direitos Humanos, detalhou que a situação humanitária no país da Península Arábica se deteriora diariamente, como resultado dos bombardeios estrangeiros e os combates entre os rebeldes da tribo huti e as tropas leais ao governo.

Segundo Pouilly, nas últimas duas semanas, 92 civis perderam a vida, entre os quais 18 crianças, enquanto 179 sofreram lesões diante do auge dos confrontos.

Meios de imprensa reportaram nesta terça-feira (7) que os bombardeios da coalizão árabe, liderada pela Arábia Saudita, causaram, no dia anterior, a maior cifra de mortos e feridos em apenas um dia, entre combatentes e inocentes, cerca de 180.

O Iêmen vive um conflito marcado pelo avanço do movimento xiita Ansar Allah, da tribo huti, que levou ao exílio as principais figuras do governo de transição, como o presidente Abd Rabbo Mansour Hadi, que fugiu para a Arábia Saudita.

A violência escalou no final de março, quando o vizinho reino wahabita iniciou ataques aéreos contra posições insurgentes, os quais fizeram disparar o número de mortes de pessoas inocentes e a destruição de infraestrutura vital.

De acordo com Pouilly, mais de um milhão de iemenitas já deixaram seus lares para escapar das hostilidades, que não foram freadas apesar dos gerenciamentos de paz das Nações Unidas, cujo enviado especial para o Iêmen, Ismail Ould Cheikh Ahmed, continua sua mediação com os atores da crise.

A ONU pede que, enquanto não se consiga um cessar-fogo definitivo, as partes pactuem uma trégua humanitária para assistir a população.

Dados da organização asseguram que 21 milhões de pessoas precisam de ajuda para sobreviver, 80 por cento dos habitantes do Iêmen.

Em suas declarações, a porta-voz do Alto Comissionado para os Direitos Humanos disse ter informações do território que demonstram sérias violações e abusos "por todos os atores do conflito".

“Nossas equipes instaladas em solo iemenita informam sequestros, maus tratos, restrições à liberdade de expressão e ataques contra trabalhadores humanitários, equipes e centros de saúde e jornalistas”, expôs.

Pouilly manifestou particular preocupação pelas crescentes ações violentas contra locais de culto, como as mesquitas e as instalações da ONU.

Além dos bombardeios sauditas e dos combates entre os rebeldes huti e as tropas governamentais, o empobrecido país da Península Arábica sofre pelos crimes de grupos extremistas, entre eles o Estado Islâmico e o ramo local da Al-Qaida.