Obras da Sabesp não possuem licença, afirma ambientalista

As obras da Sabesp de transposição das bacias hidrográficas de Rio Grande e a mudança no curso da água estão aceleradas e devem ser entregues em setembro. Entretanto, existe o questionamento de que as ações começaram sem estudo e relatório de impacto ambiental.

Represa Billings pode ser alternativa de água em SP

Em entrevista, o ambientalista e presidente do Movimento Em Defesa da Vida do Grande ABC, Virgílio Alcides de Farias, aponta os erros no início das obras. “É uma construção do governo do estado através da Sabesp, e quem licencia é a Cetesb, que é outro órgão estadual. Portanto, estão se autolicenciando, e a Cetesb ousou dizer que a obra não tem impacto ambiental, por isso fez o licenciamento simplificado, o que é um absurdo.”

Segundo ele, o impacto ambiental é grande na região. “A Sabesp joga a água mais ou menos boa da Billings para um rio que ela joga os esgotos, ou seja, é totalmente irresponsável. O esgoto não é coletado e tratado como manda a lei federal.”

O objetivo da obra da Sabesp é transportar 4 metros cúbicos por segundo de água do sistema Rio Grande para o Alto Tietê. Preocupados com a falta de água e os problemas ambientais da obra, municípios e sociedade civil montaram um comitê de acompanhamento de crise.

“Os municípios estavam preocupados com a situação, principalmente São Paulo, por conta da situação dos sistemas Cantareira e Alto Tiete. Estão preocupados com os impactos que pode ter um racionamento de cinco por dois, como foi anunciado pela Sabesp. Houve uma insistência muito grande dos municípios tanto para a formação do comitê executivo, quanto para a formação do grupo que elaboraria o plano de contingência. A informação que temos que é esse grupo se reuniu uma vez, e que o plano estaria pronto até o fim de junho, mas até o momento não temos uma resposta”, conta a diretora de licenciamento ambiental, Paula Ciminelli.

Para a diretora, mesmo com descarte feito pela Sabesp de que o Grande ABC pode sofrer com a crise hídrica, ela afirma que a região pode sofrer com a falta água, e que o plano é importante para definir prioridades no atendimento à população. “Uma situação de escassez, como seria abastecido um hospital, uma escola, um sistema penitenciário, quais equipamentos não poderiam ficar sem o abastecimento. Os municípios fizeram o levantamento, encaminharam ao governo estadual e espera-se que isso seja incorporado no plano da Sabesp”.