Maioria do Comitê Central do Syriza diz que acordo é “golpe de estado”

Nesta quarta-feira (15), 109 membros dos 201 que compõe o Comitê Central do Syriza, partido do primeiro-ministro Alexis Tsipras, divulgou uma declaração rejeitando, em termos duros, o acordo que,  ainda nesta noite de quarta-feira (15), será votado pelo parlamento grego e exigindo uma reunião imediata do órgão partidário. 

Com 80% das urnas apuradas, "não" vence referendo na Grécia - Marko Djurica/Reuters

Leia a íntegra da declaração:

A 12 de julho teve lugar um golpe de estado em Bruxelas, que demonstrou o objetivo dos dirigentes europeus: infligir uma punição exemplar a um povo que imaginou outro caminho, diferente do modelo neoliberal de austeridade. Foi um golpe de estado dirigido contra toda a noção de democracia e de soberania popular.

O acordo assinado com as “instituições” foi o resultado de ameaças de estrangulamento econômico imediato e representa um novo protocolo impondo condições humilhantes, odiosas, e uma tutela destrutiva para o nosso país e o nosso povo.

Estamos conscientes da asfixia e das pressões que foram exercidas sobre a parte grega, mas consideramos por outro lado que a luta avançada dos trabalhadores, quando do referendo, não autoriza o governo a ceder diante das pressões exercidas pelos credores.

Este acordo não é compatível com as ideias e os princípios da esquerda, mas acima de tudo não é compatível com as necessidades da classe operária.

Esta proposta não pode ser aceita pelos militantes e quadros do Syriza.

Pedimos ao Comitê Central uma reunião imediata e convidamos todos os militantes, quadros e deputados do Syriza a preservarem a unidade do partido tendo por base a nossa conferência, as decisões tomadas e os compromissos programáticos.

Atenas, 15 de Julho de 2015