Jornal Nacional vincula Lula à prisão de José Dirceu
Chega a ser inacreditável o que está acontecendo no país. José Dirceu e Eduardo Cunha foram acusados pelo delator Julio Camargo. O primeiro está preso, o segundo sai distribuindo ameaças, sofre acusações de pressionar testemunhas e nada acontece.
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania
Publicado 05/08/2015 12:59
O Estado de Direito não existe mais. Pessoas são presas sem flagrante, sem provas, sem julgamento, sem juiz e sem júri.
O absurdo é tanto que José Dirceu conseguiu ser preso enquanto cumpre pena de prisão, ainda que domiciliar, mas tendo telefones grampeados, visitas e locomoção controlados, sem qualquer possibilidade de interferir em nada.
Mas se alguém pensava que o auge do absurdo tinha sido atingido, o impensável aconteceu. Na edição do Jornal Nacional desta segunda-feira (3), uma “reportagem” trata de vincular o ex-presidente Lula a Dirceu.
Em reportagem sobre o ex-ministro, o repórter da Globo pergunta ao procurador do MPF Carlos Fernando Lima: "O Lula pode ser investigado? Como é que está essa questão?"
Resta saber que “questão” é essa… Há alguma acusação contra Lula? Por que ele deveria ser investigado? O Ministério Público deu alguma indicação de que Lula é suspeito, para a Globo mandar seu pau-mandado perguntar se o ex-presidente “pode ser investigado”?
Em rede nacional, o procurador dá esse olhar significativo após a forma como foi feita a pergunta. Virou esculhambação, foi a um diálogo ensaiado e encenado para ser apresentado em horário nobre.
Neste momento, só o que importa no Brasil é restaurar a democracia. Enquanto a lei continuar sendo usada de formas diferentes dependendo da orientação política das pessoas, podemos ter certeza de que o Brasil deixou de ser uma democracia.
Mais uma vez, insisto que a única forma que resta para impedir que este país se transforme em uma ditadura midiático-policial-jurídica será pedindo observadores internacionais para a política interna do país.
Como, quando e por quem isso será feito, não sei. Mas é bom que seja feito o quanto antes. No ritmo em que caminha, o golpe ocorrerá em agosto.