OAB-BA promove painel sobre os 35 anos da explosão da carta-bomba

Para reafirmar a democracia e não esquecer o mal causado pela ditadura, a Comissão da Verdade da OAB-BA promoveu o painel 35 anos da explosão da carta-bomba na OAB e morte de Lyda Monteiro. O encontro aconteceu na noite da quarta-feira (05/08), na sede da seccional, em Salvador, e contou com a presença do filho de Lyda, o advogado e professor Luiz Felippe Dias, do ex-governador Waldir Pires, advogados e familiares.

Em sua fala, Luiz Felippe, que é comunista, contextualizou o que representou a ditadura para o país, “época marcada por uma grande concentração do poder e censura da mídia, quando os direitos foram violados de forma absurda”.

Sobre o ataque na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, em 27 de agosto de 1980, no Rio de Janeiro, que vitimou fatalmente sua mãe, funcionária da instituição desde 1937, o advogado afirmou que até hoje espera a verdade sobre o fato.

No mesmo dia, a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro e a sede do jornal ligado ao PCdoB, Tribuna da Luta Operária, também foram vítimas de atentados. Na Câmara, foram seis vítimas feridas e na sede do jornal o dano foi material.

“Eu já era advogado quando minha mãe morreu. A apuração do caso foi extremamente prejudicada, chegando ao ponto do retrato falado do suspeito não ter nariz e nem boca. Na época da ditadura as coisas aconteciam dessa forma”, declarou Luiz.


Memória

Segundo o advogado responsável pela Comissão da Verdade da OAB, Jeferson Braga, “o encontro é de memória, para que não esqueçamos o que aconteceu no Brasil com a ditadura e para que barbaridades como as ocorridas não se repitam.”

Joviniano Neto, presidente da Comissão Estadual da Verdade e integrante do grupo Tortura Nunca Mais, é necessário continuar a luta para preservar a história e trazer à tona o que aconteceu na ditadura. Ele destacou, ainda, o trabalho de competência realizado pela Comissão da Verdade da OAB, que não se furta em buscar desvendar o período marcado por grande intransigência e violação dos direitos civis dos brasileiros.

Luiz Viana Queiroz, presidente da OAB-BA, falou da importância da realização do painel e das ações promovidas pela Comissão da Verdade do órgão. “É preciso efetivamente apurar os fatos para desvelar a verdade sobre nossa história. Todos nós temos a responsabilidade em buscar sempre a verdade para evitar que atos como esse voltem a acontecer. Precisamos defender nossa democracia”, finalizou.

De Salvador, 
Ana Emília