Marcha das Margaridas: Uma mensagem de coragem a quem defende o Brasil

Mais de 70 mil mulheres de todo o Brasil estão reunidas em Brasília nesta quarta-feira (12) para a Marcha das Margaridas, que começou às 8h30 e seguiu do Estádio Mané Garrincha em direção à Esplanada dos Ministérios. As Margaridas combatem a violência contra a mulher, exigem a regulação dos agrotóxicos e a reforma agrária; rechaçam as tentativas golpistas, defendem a democracia e a constitucionalidade do governo Dilma.

Por Mariana Serafini

Marcha das margaridas - Mídia Ninja

A Marcha homenageia Margarida Alves, assassinada pelo latifúndio há 32 anos. Os ensinamentos da dirigente sindicalista camponesa continuam vivos e inspiram as mulheres do campo, da floresta, das águas e das cidades a lutarem por uma vida digna, sem violência e com justiça social. As milhares de margaridas que coloriram Brasília nesta quarta-feira (12) deixam uma mensagem de coragem a quem luta por um país mais fraterno e com menos desigualdades.

Que a história de Margarida Alves nunca mais se repita. As margaridas combatem a violência contra a mulher no campo e na cidade. Exigem mais mecanismos de proteção e políticas públicas de empoderamento feminino. Destacam, porém, os avanços obtidos nos últimos anos, como a Lei Maria da Penha e os programas sociais destinados às mulheres agricultoras familiares, como o Pronaf Mulher, e o sistema de Cisternas no Semiárido.

As Margaridas não se curvam ao conservadorismo, ao chegar no Congresso Nacional, cercaram o prédio e exigiram uma reforma política democrática. “Somos 52% da população. Esse congresso nos pertence. Queremos 52% das cadeiras para as mulheres! Esse conservadorismo não nos representa!", disseram. Rechaçam a atuação de Eduardo Cunha na presidência da Câmara Federal e exigem que seja respeitada a opinião popular que segundo elas “não foi levada em conta quando aprovada a contrarreforma política”.

Soberania alimentar também é um ponto destacado pelas margaridas, elas exigem a proibição de pulverização aérea em grandes plantações, regulamentação do uso de agrotóxicos, criação de zonas livres de agrotóxicos, entre outras pautas.

Pelo fim das cercas que oprimem, humilham, ferem e matam os trabalhadores rurais. Um plano nacional de reforma agrária é uma das exigências das trabalhadoras rurais que, assim como Margarida Alves, combatem diariamente o latifúndio.

Mais autonomia para as trabalhadoras rurais. Apesar das políticas públicas de empoderamento da mulher colocadas em prática nesta década, ainda há muito por ser feito. As margaridas defendem a construção de creches nas áreas rurais, além de mais escolas e ampliação do acesso a cursos técnicos e superiores. Lutam também pela igualdade de gênero na divisão dos trabalhos domésticos, de modo a permitir que a mulher tenha mais tempo para se dedicar à vida política e aos estudos.

Margaridas contra o golpe

Em defesa da democracia e da soberania do voto popular, as margaridas defendem a constitucionalidade do mandato da presidenta Dilma e rechaçam as tentativas golpistas dos setores políticos reacionários e conservadores. As manobras antipopulares de Eduardo Cunha também são motivo de protesto para as trabalhadoras rurais.

A Petrobras e o direito de partilha ameaçados pelo projeto entreguista do senador José Serra ganharam destaque na Marcha. As margaridas se posicionam contra o PL que tira os direitos da empresa estatal ao regime de partilha. Defendem o pré-sal destinado à Educação e o fortalecimento da indústria nacional. “Nós não vamos entregar nosso petróleo, queremos preservar a nossa riqueza”, dizem.


Lançamento da Marcha das Margaridas no Estádio Mané Garrincha  | Foto: Mídia Ninja

O ex-presidente Lula esteve da abertura da Marcha das Margaridas na noite desta terça-feira (11) no Estádio Mané Garrincha. Na tarde desta quarta-feira (12) a presidenta Dilma Rousseff participa do evento. A atividade é organizada pela Contag com a participação de diversos movimentos sociais do campo e da cidade, entre eles a CTB e o MST. Este ano a Marcha das Margaridas completa 15 anos, a primeira foi realizada em 12 de agosto de 2000 com a participação de mais de 50 mil mulheres. O dia marca a morte de Margarida Alves.