O maior pesadelo dos EUA: Rússia e China se aproximam

As relações que a Rússia está mantendo e desenvolvendo atualmente com a China implicam complicações para a política do mundo unipolar, pregada pelos EUA, diz um artigo intitulado “O maior pesadelo da América: Rússia e China se aproximam” da revista National Interest.

China e Rússia

Os tempos de Richard Nixon e Henry Kissinger, que punham barreiras na tentativa de separar a Rússia e a China já passaram. Agora, a China é um parceiro próximo e seguro da Rússia, o que cria um ambiente incômodo para a tradicional conduta dos EUA na região asiática.

Na opinião bastante enviesada dos autores do artigo, Mathew Burrows e Robert A. Manning, “além da sua simetria eurasiática, elas [a Rússia e a China] compartilham interesses comuns, ambas se opõem à supremacia dos EUA, aos valores da democracia e transparência dos EUA e um desejo comum de uma ordem mundial mais multipolar”.

Até parece que os Estados Unidos cultuam de verdade os valores da democracia e da transparência, sabedores que são disso os habitantes dos países invadidos pelos EUA, dos países que tiveram seus líderes derrubados por golpes manipulados pelos estadunidenses – como a Ucrânia, por exemplo – e os líderes mundiais espionados pelas agências de arapongas americanas, dentre elas Angela Merkel e Dilma Rousseff.

Deixando de lado o assunto da democracia e transparência (por acaso o sigilo em torno dos tratados TiSA, TTP e TTIP, promovidos pelos EUA, será testemunho de transparência?), é possível ver que a “supremacia dos EUA” ocupa o primeiro lugar nesta lista. E quanto ao mundo “mais multipolar”, os próprios autores da matéria reconhecem que os Estados Unidos têm “tendências unipolares”, que eles precisam abandonar para “agir como primeiro entre iguais”.

No entanto, vale lembrar que a China e a Rússia são atores de um projeto internacional que visa precisamente mais multipolaridade, que é o grupo Brics, com instituições como o Novo Banco de Desenvolvimento, o Arranjo Contingente de Reservas. A China, por sua parte, organizou neste ano o Banco Internacional de Investimentos Infraestruturais (AIIB), ao qual um considerável número de países já aderiu.

Para a revista, a parceria sino-russa significará maior atenção aos Estados latino-americanos, implicando um maior grau de participação e envolvimento internacional destes países. Burrows e Manning destacam que a Rússia e a China “ultrapassam seriamente” os EUA no quesito de política internacional.

Reconhecendo a mestria russa e chinesa em “xadrez político”, os autores do artigo instam Washington a preparar uma resposta igualmente eficiente, o que os EUA parecem ignorar.