Israel liberta no deserto mais de 700 africanos solicitantes de asilo
Israel começou, nesta terça-feira (25), a libertar centenas de pessoas africanas detidas no centro para estrangeiros Holot, localizado no sul do país. Elas ingressaram em Israel sem a devida documentação e pediam asilo.
Publicado 26/08/2015 11:36

Organizações humanitárias em Israel, como a Médicos pelos Direitos Humanos, denunciaram que cerca de 750 pessoas deixaram o centro, que fica no deserto de Negev, e não tiveram acesso a nenhum serviço de transporte. A ONG disse ainda que essas pessoas estão proibidas de viajar para Tel Aviv e Eilat (na costa do Mar Vermelho), locais com maior concentração de cidadãos estrangeiros, onde encontrariam parentes, amigos e oportunidades de trabalho.
De acordo com o jornal israelense Haaretz, o prefeito de Arad, a cidade mais próxima de Holot, Nisan Ben Hamo, ordenou o fechamento, por parte da polícia, dos acessos à localidade para impedir a entrada dos estrangeiros recém-liberados do centro.
Em seu Facebook, Hamo reclamou da situação e culpou o Ministério do Interior: “[os estrangeiros] vão acabar se instalando nas cidades do sul, já que não organizaram nenhum serviço de transporte para eles e não têm para onde ir. Em Arad já estão vivendo agora mesmo centenas de pessoas que pedem asilo”, afirmou.
Outras 428 pessoas deixarão o centro nesta quarta-feira (26/08). Isso porque há duas semanas o Supremo Tribunal israelense ordenou a libertação de 1.200 pessoas, após reduzir de 20 para 12 meses o prazo máximo de detenção.
Assim, centenas de pessoas deixarão de receber assistência médica e ajuda financeira. O governo israelense afirmou ainda que centenas de estrangeiros que hoje estão no sul de Tel Aviv em situação irregular serão levados para o centro.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem adotado uma política dura com relação a pessoas sem documentos e que pedem asilo no país. Ele chegou, inclusive, a chamá-los de “infiltrados”.
De acordo com a ONU, em Israel estão cerca de 53 mil pessoas sem documentação; 36 mil são procedentes da Eritreia e outras 14 mil do Sudão. Apenas uma pequena parte delas recebe asilo. As demais são deportadas pela península do Sinai.