O depoimento de Youssef e a plularidade da imprensa

O Jornal O Estado de Minas, porta voz do conservadorismo mineiro, reprodutor do discurso oposicionista ao governo federal e estadual, sempre esteve a serviço das elites reacionárias de nosso país. Na última campanha eleitoral, para quem acompanhou, mais parecia um panfleto de campanha do PSDB. 

Por Geraldo Galindo*

- Foto: Geraldo Bubniak/AGB

O periódico, assim como seus similares em outras capitais, repete o surrado discurso da defesa da pluralidade e da chamada liberdade de imprensa, liberdade essa usada para proteger correligionários e atacar, achincalhar e desmoralizar aqueles que ousam pensar e expressar opiniões diferentes.

Neste exato momento, às 21h30, terminei de dar uma olhada no site do jornal e me deparei com as seguintes manchetes:

Gilmar Mendes pede investigação de empresa contratada pela campanha de Dilma 

Tenho confiança que TSE aceitará recurso para impugnação de mandato, diz Aécio

'Não estou protegendo Lula, não tenho por que protegê-lo', diz Youssef

CPI do BNDES fecha acordo de convocações, mas poupa Lula, Lulinha e Pimentel

Na véspera de sabatina no Senado, Collor volta a chamar Janot de mentiroso

Todos sabem que nesta terça-feira (25) foi o dia do depoimento de Youssef, o famoso doleiro/bandido na CPI da Petrobras, que reafirmou ter o senador Aécio Neves recebido propinas do esquema de corrupção em Furnas, montado pelo PSDB e PP. Nos principais sites de nossa imprensa “plural”, à exceção do Portal UOL, não há uma linha sequer sobre o tema. O Globo, Estadão, Época, Veja e IstoÉ comentam sobre a acareação com Paulo Roberto da Costa, e ignoram solenemente a denúncia, como ignoraram o depoimento original de Youssef na justiça, que só circulou pelas redes sociais, pois as televisões pouparam a imagem do senador mineiro, enquanto divulgavam vazamentos ilegais contra o PT e o governo a todo momento.

Um fato curioso também, é que a maioria dos sites que forma o consórcio oposicionista afirma em manchetes ou em títulos menores que o doleiro revela ter Dilma e Lula conhecimento do esquema de corrupção da Petrobras. E quando se vai ouvir o depoimento, se constata que ele diz achar que Lula e Dilma sabiam. O que é um a suposição para um bandido declarado, vira uma afirmação e uma verdade para a mídia monopolista.

Voltando então ao Estado de Minas, ele nada se difere dos demais grandes jornais da mídia corrupta e venal, a não ser que teve a proeza e criatividade de produzir manchetes tão distintas sobre política, todas elas com a clara intenção de esconder a declaração bombástica de que o ex-candidato a presidente apoiado pelo jornal é acusado com toda a letras de receber propina num esquema de corrupção que pouco se fala e nada se investiga. E ao mesmo tempo, manter a linha de ataque contra o governo que tenta sair das cordas em meio a uma ininterrupta e cruel artilharia pesada.

É assim que funciona a sagrada liberdade de expressão no Brasil. E nos embaraça lembrar que em 12 anos de governos Lula e Dilma nada se fez para mudar esse cenário, onde a maioria esmagadora do nosso povo é vítima de um modelo perverso de manipulação da informação.