Ex-procurador: Recondução de Janot consolida fim da era do engavetador

Reafirmando o fim da era do engavetador-geral da República instaurada durante o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, o ex-procurador-geral Claudio Fonteles afirmou, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que, desde 2003, primeiro ano do governo Lula, o Ministério Público Federal é uma instituição mais sólida.

Claudio Fonteles ex-procurador geral da República

Fonteles enfatiza que o órgão é hoje mais independente. Ele atribui essa independência ao fato de Lula e Dilma terem indicado sempre o mais votado entre os procuradores, já que a lista é formada pelos três mais votados entre os procuradores de todo o país.

“Foi uma postura inaugurada com o presidente Lula e mantida pela presidente Dilma, de homenagear a classe indicando aquele que foi o primeiro da lista tríplice. Antes não. Eu me recordo bem que Geraldo Brindeiro, quando foi indicado pelo Fernando Henrique Cardoso pela quarta vez, foi o sétimo lugar na nossa lista”, enfatizou Fonteles.

Ele destaca ainda que, quando assumiu a procuradoria-geral, após oito anos de comando do conhecido engavetador-geral de FHC, o Ministério Público Federal era um “terreno baldio absolutamente cheio de mato”.

“O Ministério Público Federal estava esfacelado. Eram ilhas. Dada à inércia do Brindeiro, os procuradores é que mandavam. Existiam vários ‘procuradores-gerais’. Um criou um andar onde funcionava uma investigação com servidores públicos a servi-lo. Tive que recompor a casa. O MPF era um terreno baldio cheio de mato. Qual foi minha missão? Limpar o terreno’, disse.

Para ele, a recondução de Rodrigo Janot à Procuradoria-Geral da República “foi uma resposta da classe”.

“A classe mostrou: esse é um líder que está trabalhando de acordo com a nossa missão constitucional. É fundamental que isso pese. Não somos políticos partidários. Ficou no passado aquela ideia de um procurador-geral como um ‘engavetador-geral da República’ que vocês (imprensa) notabilizaram”, resgatou.