Adilson Araújo sobre o desemprego: Na crise, o melhor remédio é a luta

Em um contexto global de crise, o desemprego soa como um fantasma para a classe trabalhadora. O brasileiro tem, em sua memória recente, o pesadelo que a falta de trabalho gerou para milhares de famílias, resultado das políticas neoliberais de FHC. O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, comenta ao Portal Vermelho o significado do aumento da taxa de desemprego no país e o que deve ser feito para evitar o retrocesso.

Por Laís Gouveia

Segundo Adilson, estudos apontam que, nos próximos anos, o mundo terá uma elevação nas taxas de desemprego. “Isso é decorrente do aprofundamento da crise que não encontra uma saída e o Brasil não está imune a tal processo. Há uma retração na economia e o uso do elemento político que vem contra a perspectiva de alavancagem, já que a operação Lava Jato tem permitido uma paralisação de setores importantes, como a indústria naval e as operações da Petrobras. Sabemos que há um apelo externo nisso. O Brasil foi citado em um recente encontro de países europeus como a quinta maior nação em perspectiva de investimento para os próximos anos. Setores econômicos também possuem essa avaliação. A prova cabal disso é que, apesar da indústria automotiva passar por um processo de retração, a GM aprova investimentos na ordem de R$ 13 bilhões para o próximo período. Isso demonstra que a expectativa da retomada do crescimento é possível”, avalia.

GM aprova investimentos na ordem de R$ 13 bilhões para o próximo período

Luta contra o ajuste fiscal e austeridade

O sindicalista afirma que o desemprego é um fantasma que nos assombra, mas que, estabelecida a ordem e criada as condições para que o desenvolvimento de fato seja retomado, em um curto espaço de tempo será criado um caminho ideal para a realização de investimentos de forma a impactar uma nova condição para o Brasil. Porém, todo cuidado é pouco. “Há um apelo do mercado com foco no ajuste fiscal e uma abertura para a austeridade. Seguir essa política é seguir rumo à intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) o qual a sua cartilha reza pela retomada das privatizações, redução do papel do Estado, dos investimentos públicos, uma agenda derrotada”, afirma.

Governabilidade e agenda positiva

O presidente da CTB considera que é preciso ouvir o recado das urnas e garantir de uma vez por todas o mandato de Dilma Rousseff. “A presidenta foi eleita para governar. Nós precisamos apostar em uma agenda positiva, garantindo o ciclo tão promissor que o país viveu nos últimos anos, que gerou empregabilidade e programas sociais que tiveram impacto direto na economia, colocando o Brasil em um papel de destaque no contexto internacional. Na crise o melhor remédio é a luta”, conclui Adilson.

No gráfico abaixo, há uma comparação entre o desemprego no Brasil e na Europa, que também está sendo afetada pela crise econômica.


Os números são de abril de 2014 (Fonte: Ministério do Trabalho)