PSDB votou em peso a favor do financiamento empresarial de campanha
Liderada pelos tucanos José Serra (SP), Aécio Neves (MG) e Aloysio Nunes (SP), a bancada do PSDB no Senado votou em peso contra o fim do financiamento de empresas privadas a campanhas eleitorais nesta quarta-feira (3). A proposta constava em uma emenda apresentada ao projeto de lei da reforma política e acabou sendo aprovada por 36 votos a 31. O texto agora segue de volta para a Câmara.
Publicado 03/09/2015 15:21
No discurso em que orientou a bancada a votar contra o fim das doações privadas e justificava seu posicionamento, Serra cometeu ato falho sobre o financiamento empresarial: “ruim sem ele, pior com ele”. Aloysio definiu como “história da carochinha” a tese de que a corrupção vem do financiamento de empresas privadas.
O líder dos tucanos, senador Cássio Cunha Lima (PB), atacou o PT em seu discurso contra a proposta ao afirmar que o objetivo era criminalizar a “doação” de pessoas jurídicas. Segundo ele, sem doação de empresas, recursos podem ser repassados por pessoas físicas a sindicatos e movimentos sociais aparelhados “por baixo do pano”.
O discurso de Cunha Lima foi rebatido pelos petistas, que acusaram os tucanos de terem iniciado o esquema de uso de desvios de recursos empresariais, no chamado mensalão tucano. Segundo Jorge Viana (PT-AC), defensor do fim das doações empresariais, hoje, financiamento privado de campanhas virou sinônimo de escândalo de corrupção. “Querem botar na conta do PT os escândalos da relação de empresários com campanhas. Quem criou o mensalão mineiro para financiar partido em 2005 foi o PSDB”, disse.
Irritado com os resultados das votações dos destaques, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vai tentar reverter as decisões e retomar o texto original que havia sido aprovado pelos deputados.
“Se a Câmara, em dois turnos, manteve [doação empresarial] na Constituição, com quórum de 330 votos, e tinha aprovado no projeto infraconstitucional, não tenho a menor dúvida de que a Câmara vai restabelecer o texto que mandou, com relação a esse ponto. Com relação a esse ponto, a maioria na Casa está consolidada”, disse Eduardo Cunha nesta quinta (3).
Confira como votou cada senador sobre o financiamento empresarial de campanhas.