Israel e Arábia compram armas da Alemanha, que lucra o dobro

Um relatório publicado pelo parlamento alemão esta semana revela que o país dobrou o lucro que teve em 2013 ao vender armas pesadas para países como Israel, Arábia Saudita, Egito e Argélia. Naquele ano, as vendas chegaram a 957 milhões de euros (cerca de R$ 3,8 bi), enquanto que em 2014 o montante atingiu 1,823 bilhão de euros (cerca de R$ 7,3 bilhões).

Leopard 1

O país, que se vê agora no centro da chamada "crise migratória", é responsável por abastecer nações terroristas como Israel e Arábia com blindados, motores, radares, mísseis, munição, submarinos, fragatas e outros veículos. Ficaram de fora do relatório os lucros da venda de armas leves – e tão fatais quanto – como revólveres, pistolas, fuzis e metralhadoras.

O país é o quarto maior exportador de armas do mundo, segundo o Instituto de Pesquisas pela Paz de Estocolmo (Sipri), autoridade no assunto. Embora o governo tenha prometido reduzir a venda de armamentos no passado, os dados revelam que ignorou olimpicamente as promessas. As novas solicitações de armamentos devem manter a indústria bélica alemã na ativa até 2025.

De submarinos para o Egito, lanchas de patrulha para a Arábia e fragatas para Israel, a lista contempla a venda de armas para países quebrados e que devem milhões para a própria Alemanha. É o caso da venda de blindados super modernos Leopard, pela Rheinmetall, para a Grécia. Segundo denúncias que estão sob investigação, a venda foi produto de corruptores germânicos somada a corruptos gregos.

Nos últimos 10 anos, o país acumulou vendas de 15,5 bilhões de euros (cerca de R$ 62 bilhões) – sem contar as contribuições com licenciamento de novas tecnologias.

Felizmente, há ativistas pela paz que defendem o fim do comércio de armas pela Alemanha. Há até um pedido no parlamento do país para que se faça um plebiscito sobre a questão. No entanto, como é de se esperar quando se enfrenta a indústria bélica, a secretária-geral da ONG Pax Christi, Christine Hoffmann, afirma que a consulta popular “continua fora de questão” no parlamento.

Segundo dados do relatório governamental, o maior comprador de armamentos de guerra de 2014, responsável por quase um terço do faturamento, foi Israel, com despesas de 606 milhões de euros (cerca de R$ 2,5 bilhões) e o pedido por um submarino Dolphin AIP, do estaleiro Howaldtswerke-Deutsche Werft, da gigante ThyssenKrupp.

A Sipri informa que os negócios futuros com Israel incluem também quatro fragatas MEKO-A100 do estaleiro Blohm+Voss, de Hamburgo, e que foram entregues, entre 2002 e 2014, 635 motores a diesel para tanques Merkava-4 e veículos blindados Namer, presenças constantes nos conflitos em Gaza. É importante frisar que relatórios oficiais já apontaram o uso de armamento alemão contra palestinos indefesos em Gaza.

Outro país que é freguês contumaz dos alemães é a Arábia Saudita, que repassa dinheiro e armas para grupos terroristas como Estado Islâmico, Frente Al-Nusra e Al-Qaida, na guerra que promovem em território sírio para derrubar o presidente do país. A Arábia depositou nas contas do governo alemão cerca de 50 milhões de euros em 2014 em pagamento de seus brinquedos bélicos.

Parte do resultado desse comércio foi despejada há dois meses sobre território iemenita, quando a monarquia saudita resolveu dar uma mão aos ditadores que controlam o Iêmen, bombardeando "alvos" rebeldes por todo o país e matando mais de 2 mil pessoas.

O mais surpreendente é que alguns refugiados poderiam vir a trabalhar nas centenas de empresas de armamentos bélicos da Alemanha, como a Rheinmetall, que são diretamente responsáveis pela desesperadora situação à qual foram submetidos a partir de 2011, quando o conflito foi insuflado na Síria.