Atriz cearense Antonieta Noronha morre aos 79 anos

Natural de Sobral,a atriz contava mais de 52 anos de teatro e foi premiada pela sua atuação no cinema e na televisão. Ela lutava há meses contra um câncer de mama.

 A atriz cearense Antonieta Noronha morreu no início da tarde desta segunda-feira, 14, no Hospital Uniclinic, em Fortaleza, onde estava internada desde domingo, 13. A "dama do teatro cearense", como era conhecida, lutava há meses contra um câncer de mama. O velório ocorrerá a partir do início da noite no teatro Antonieta Noronha (rua Pereira Filgueiras, 4, Centro), que funciona no prédio da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), que suspendeu suas atividades na tarde de hoje em homenagem à atriz. O local do enterro ainda não foi definido e o velório ocorrerá durante toda a noite, possibilitando uma despedida mais calorosa de amigos e familiares. 

"Dona Antonieta Noronha viveu sua arte com uma intensidade impressionante. Era uma artista realizada, mesmo com todos os senões que costumam acompanhar a sina de quem se dedica à arte. Tinha orgulho de tudo o que fez, trabalhou muito, ultrapassou gerações, multiplicou amigos e encantou públicos os mais distintos. Deixa um legado de muito suor e a certeza de que a vida merece ser vivida com entusiasmo até o fim”, lamenta o Secretário de Cultura de Fortaleza, Magela Lima.

A Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult) também lamentou a morte da atriz Antonieta Noronha. ''Dama do Teatro Cearense, terá seu exemplo sempre lembrado por todos aqueles que buscam desenvolver e expressar seu talento nos palcos. Sua trajetória é um orgulho para a história das artes cênicas no Estado. Antonieta Noronha dedicou o melhor da sua vida na busca pela interpretação profunda e perfeita de cada um dos personagens que assumiu'', completou.

Para a bailarina Sílvia Moura, que no mês de agosto ministrou a semana Antonieta Noronha, lamentou a perda da amiga e artista conterrânea. "É uma geração inteira que perde um pouco da memória do teatro. Ela faz parte da construção da arte no Estado e deixa um grande legado. Infelizmente, é algo que temos que lidar, pessoas da idade dela que vão nos deixando, nossos ídolos que adoecem", cita.

Uma vida de desafios

Antonieta Noronha iniciou-se na vida artística aos 18 anos, participando do Programa de Calouros, da Ceará Rádio Clube, e A Voz de Ouro ABC, da Rádio Uirapuru. Depois de integrar o Grande Coral, do Conservatório Alberto Nepomuceno, recebeu um convite para participar do Curso de Arte Dramática da Universidade Federal do Ceará (UFC). Em 1964, concluiu o CAD e não mais parou, integrou o elenco da Comédia Cearense e o Teatro Novo, sendo dirigida por diretores como Marcus Miranda, B. de Paiva e Haroldo Serra.

A versatilidade foi uma das marcas registradas, seja para interpretar comédias, dramas ou tragédias. Antonieta Noronha brilhou na TV Ceará, para onde foi levada pelo seu mestre, Marcus Miranda, interpretando a fofoqueira Olinda, do programa "Dois na berlinda", ao lado de "Praxedinho". Estreou no cinema no filme "Dora Doralina" ao lado de Vera Fischer e Cleide Yácones. Foi premiada nacionalmente como atriz nos filmes "O amor não acaba às 15h30min", "Deixa-me ficar" e "Tempo da Ira". Trabalhou ao lado de Fernanda Montenegro no longa "Central do Brasil". Participou ainda dos filmes Luzia Homem, de Fábio Barreto, Milagre em Juazeiro de Wolney Oliveira e A Lenda do Gato Preto de Clébio Viriato Ribeiro.

O Teatro Antonieta Noronha foi inaugurado no dia 26 de maio de 2004 com apresentação do espetáculo "Um minuto de silêncio", interpretado pela própria atriz. No dia 16 de dezembro de 2013, em homenagem aos 50 anos de carreira de Antonieta Noronha, o também ator, diretor, professor e pesquisador em artes cênicas, Ricardo Guilherme, apresentou a aula-espetáculo “A Atriz Proletária”. “A Atriz Proletária” fazia um balanço dos 50 anos de teatro de Antonieta e a definia como uma operária, uma artesã, uma trabalhadora braçal e servidora da cena teatral. Na ocasião, Antonieta Noronha foi homenageada formalmente com a entrega de uma placa. Em maio de 2014, em celebração aos 10 anos do TAN, o Teatro recebeu novamente uma vasta programação, que contou com a reapresentação de “A Atriz Proletária”, dentre outros eventos.

Fontes: Secultfor e O POVO on line