Rússia quer coalizão verdadeira para eliminar Estado Islâmico

A Rússia está discutindo com os parceiros estrangeiros certos aspectos da proposta de Moscou sobre a criação de uma ampla coalizão para combater o Estado Islâmico, disse Ilya Rogatchev, diretor do departamento de novos desafios e ameaças do Ministério das Relações Exteriores da Rússia em uma entrevista à RIA Novosti.

Terroristas do Estado Islâmico no Iraque

Rogatchev informou que a Rússia tenciona “discutir com um grande leque de parceiros a hipótese de criar uma coalizão internacional que seja legítima e representativa para lutar contra o Estado Islâmico e outras organizações terroristas do Oriente Médio e África do Sul”.

“Naturalmente já estamos trabalhando em certos aspectos das nossas propostas com os parceiros estrangeiros. A coalizão deve funcionar de acordo com as decisões da ONU e usar força sob a autorização do Conselho de Segurança e governos dos países no território dos quais isso acontece. Uma coalizão antiterrorista deve reunir todos os países interessados para ser eficaz e não ser uma coalizão fantoche”, esclareceu o diplomata russo.

“Convém organizar a troca de informações mais completa e confidencial sobre os assuntos relacionados às atividades dos militantes terroristas estrangeiros que se juntam ao Estado Islâmico. Tornou-se urgente elaborar os procedimentos da sua entrega mais simplificados comparando com os ordinários de extradição”. “Partindo da experiência russa, planeja-se promover iniciativas de tal forma na ONU”, disse Rogatchev.

Em finais de junho, o presidente russo, Vladimir Putin, ofereceu às autoridades sírias e dos países da região, incluindo a Turquia, a Jordânia e a Arábia Saudita, a juntar-se à luta contra o Estado Islâmico. Por seu turno, a Rússia está prestes a melhorar o diálogo entre os países. Os Estados Unidos aspiram a derrubar o presidente sírio Bashar al-Assad e por isso estão contra a ideia de prestar apoio ao seu governo.

Rogatchev afirmou que a Rússia está aberta para as propostas estadunidenses de considerar o reinício das discussões sobre assuntos de cooperação antiterrorista internacional, mas a posição dos Estados Unidos obstaculiza este processo.

“Os nossos princípios nunca permitirão aceitar famigerados padrões duplos, a cooperação é possível somente com base na igualdade de direitos, com respeito pelos vários interesses dos nossos parceiros, no âmbito de direito internacional, com respeito à Carta das Nações Unidas e às decisões do Conselho de Segurança da ONU ou seja no caso de respeito absoluto, por exemplo, pela soberania e igualdade dos países, sem permitir interferência nos seus assuntos internos”, destacou Rogatchev.

O grupo terrorista Estado Islâmico, anteriormente chamado Estado Islâmico do Iraque e do Levante, foi criado e, inicialmente, operava principalmente na Síria, onde seus militantes lutaram contra as forças do governo. Posteriormente, aproveitando o descontentamento dos sunitas iraquianos com as políticas de Bagdá, o Estado Islâmico lançou um ataque maciço em províncias do norte e noroeste do Iraque e ocupou um vasto território. No final de junho de 2014, o grupo anunciou a criação de um "califado islâmico" nos territórios sob seu controle no Iraque e na Síria.