Espanha: Partidos pró-independência vencem eleições catalãs

A comunidade autônoma espanhola da Catalunha inicia nesta segunda-feira (28) um processo considerado complicado para a formação de um novo governo, depois das eleições que deram maioria parlamentar aos independentistas, mas não de votos.

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Ainda que os deputados das duas listas pró-independência somadas garantam a maioria parlamentar, ficaram abaixo de 50% de votos (47,78%), o que, segundo outras forças políticas, retira segurança da prometida declaração de independência.

A principal candidatura pró-separação Junts pel Sí (Juntos pelo Sim) obteve 62 assentos e ficou refém da Candidatura de Unidade Popular (CUP), partido de esquerda que teve nove deputados eleitos e pode garantir a maioria absoluta de 68 assentos.

A incerteza, no entanto, parte da posição declarada pela CUP antes das eleições, que condicionou o apoio a obter maioria parlamentar mas também em votos.

Em declarações dadas na madrugada desta segunda, líderes da CUP apoiaram a continuidade do processo separatista, mas abriram uma dúvida sobre a reeleição do presidente da Catalunha, Artur Mas, (candidato de Junts pel Sí) ao declarar que ninguém é imprescindível.

Entre as forças que se opõem à independência, o partido de centro-direita Cidadãos ficou em segundo lugar com 25 assentos, quase o triplo dos nove que tinha na legislatura anterior.

O Partido Socialista da Catalunha, também partidário da permanência na Espanha, ocupou o terceiro lugar com 16 assentos (quatro a menos que nas eleições anteriores).

Também oposto à independência, o Partido Popular, de direita, sofreu um retrocesso forte ao obter 11 deputados, oito a menos que na legislatura anterior, resultado considerado “nada satisfatório” por seu candidato Xavier García.

A coalizão da esquerda ambientalista Catalunha Sí que es Pot (Catalunha, sim, podemos), que defende o direito a decidir mas não a declaração unilateral de independência, obteve 11 assentos, a mesma quantidade do PP.

O secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, um dos partidos integrantes dessa aliança, considerou o resultado “claramente decepcionante”. “Está claro que a responsabilidade do Estado não funcionou eleitoralmente esta campanha”, explicou.

Neste complicado panorama, apesar da vitória dos independentistas em termos de assentos, restam questões para a formação de um governo capaz de seguir adiante com o programa da separação da Espanha.