Camponeses ocupam a empresa de transgênicos DuPont, em Goiás

Na manhã da última sexta-feira (2), cerca de 1.500 camponeses ocuparam a sede da empresa DuPont Pioneer, no município de Catalão (GO), em protesto contra a venda de sementes geneticamente modificadas para a agricultura.

Manifestação do MST - MST

De acordo Valdir Misnerovicz, da coordenação do MST, a unidade da classe trabalhadora é fundamental para conter o avanço dos impactos do capital pela ação das grandes transnacionais no campo. "Os impactos do capital pela ação das grandes transnacionais em nossos territórios, com uso intensivo de transgênicos e agrotóxicos, tem destruído a vida no campo. A ação unitária de movimentos sociais em uma dessas empresas demonstra nosso repúdio a esse projeto e afirma nosso objetivo político de permanecer na luta contra essa ofensiva", afirmou Misnerovicz

As mulheres camponesas, que historicamente perpassam por um longo processo de dominação e opressão, principalmente pelas ações do capital, nas palavras da coordenadora nacional do MMC, Rosangela Piovizani, "sempre praticaram ousadia e a rebeldia do saber" para romper com essa realidade.

Para Piovizani, essa é uma realidade que precisa ser rompida e para isso é necessário que se rompa com o sistema da exploração das pessoas, dos recursos naturais, dos bens que devem estar a serviço de todos e todas.

"Denunciar essas empresas transnacionais que usufruem dos territórios das famílias camponesas, envenena os campos, as águas, os alimentos e destroem a diversidade do campo, é uma realidade que precisa ser rompida. O projeto que a gente quer e defende é baseado em agroecologia, em respeito à natureza e aos povos, e não esse modelo da morte implementado pelo capital", ressaltou.

Transgênicos

A DuPont Pioneer é uma empresa transnacional que comercializa sementes de soja e milho transgênicos, alegando o fato de serem mais produtivas e, portanto, vantajosas para os produtores. 

Contudo, os camponeses e camponesas questionam esta premissa e denunciam as diversas consequências negativas para a vida no campo. Dentre elas, impactos para a saúde humana, para o meio ambiente e dependência dos agricultores com relação às empresas vendedoras.

As sementes transgênicas, por outro lado, são patenteadas pelas empresas e geram plantas estéreis, o que força os produtores a adquiri-las novamente a cada nova safra. Além disso, a modificação genética é feita para que as plantas necessitem de agrotóxicos específicos para se desenvolverem. 

Assim, são comercializadas em um mesmo pacote sementes e agrotóxicos, o que aprofunda a dependência do produtor em relação às tecnologias desenvolvidas pelas grandes empresas.

Junto a isso, os movimentos camponeses denunciam, ainda, o uso generalizado dos agrotóxicos nos grandes plantios, que prejudica o meio ambiente, ao exaurirem a terra de seus recursos naturais e exterminarem espécies animais e vegetais em vastas regiões próximas à lavoura.

Agrotóxicos

O Brasil é considerado o campeão de uso de agrotóxicos há sete anos. Alguns agrotóxicos já foram proibidos em vários países, mas ainda são comercializados no país, como o glifosato, cujo uso nas lavouras é de quase 70%. Em 2015, o glifosato foi classificado pelo IARC (Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer) como possível causador de câncer.

No entanto, no Brasil, estas grandes empresas foram capazes de derrubar leis que coibiam sua comercialização. O que se aplica nas grandes plantações no país é o equivalente a 84% de todo o agrotóxico consumido na América do Sul.