Cordel Umbilical (Outros Poemas): Versos de Ana
Esta noite eu não dormi
Com a passarada cantando
Não sei se era verdade
Ou se eu estava sonhando
Que apagava o farol
Já ia nascendo o sol
O dia vinha chegando
Publicado 09/10/2015 09:59 | Editado 04/03/2020 16:25
Quando eu fui me acordando
Ouvi alguém me chamar
Dizendo: para as alvíssaras
Teu dinheiro vai chegar
Eu pensei que fosse prosa
Me disseram D. Ózia
Teu dinheiro veio deixar
Senti o coração parar
E comecei a tremer
Confesso que nesta hora
Tive medo de morrer
Ouvindo a voz de Luiz
Dizendo: “eu sou feliz
Porque casei com você”
Depressa mandei dizer
Que chamasse Luciana
Daria uma parte a ela
Dava outra a Fabiana
A outra parte que me resta
Eu vou fazer uma festa
Até o fim da semana
E eu não me chamo Ana
Se não cumprir o meu plano
Reserva a maior parte
Para dar a Adriano
Ele também é herdeiro
E precisa de dinheiro
Pra casar no fim do ano
Acho que não tem engano
Porque tudo é certeza
Meu Deus eu nunca pensei
De sair desta pobreza
Mas se o povo descobre
Que éramos um casal pobre
E hoje temos riqueza
Compro sofá, compro mesa
Cama, geladeira, armário
Um bonito guarda-roupa
Que é muito necessário
Eu acho muito correto
Ainda prometo a meu neto
Fazer seu aniversário
Ainda sobra numerário
Para comprar uma sala
Um carrinho de passeio
De preferência um Opala
Aviso, tenha cuidado
Quem me pedir emprestado
Eu respondo com uma bala
Peguei o que foi de mala
E botei tudo no mato
Não quero objeto velho
É tudo novo no ato
Já me veio no pensamento
Renovar o casamento
Fazendo novo contrato
Eu não sei quem paga o pato
Se esta história for mentira
Riqueza assim de repente
Todo mundo se admira
Porém não é novidade
Pois a história é verdade
Contada por Idalzira
Ana veja se tu tiras
Um pouquinho pra José
De receber qualquer coisa
Ele já perdeu a fé
Porém se você negar
Eu juro que vou pegar
O dia inteiro em teu pé
Se tu fores a Canindé
Teu sonho concretizar
Leva Edvany contigo
Ela não pode pagar
Veja o que me respondeu:
Este carro é só meu
De graça não vou levar
Agora vou me calar
Porque Ana não merece
É amiga de todo mundo
Mas o povo desconhece
E o carro que ela comprou
Vai dar a Luiz Pastor
Pra isto fiz uma prece
Cedro, 01 de novembro de 1995.