Nobel de Economia pede maior atuação do Estado para o desenvolvimento
O Prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, fez, neste domingo (11), um chamado para que as regras do mercado sejam reescritas, com maior participação do Estado na economia, para canalizar a poupança financeira para o desenvolvimento sustentável, entre outras propostas. Ele participou de seminário durante a reunião anual do Fundo Monetário Internacional, em Lima, Peru.
Publicado 12/10/2015 10:33
Segundo o economista, o desenvolvimento dos países e a redução da desigualdade requerem um forte papel do Estado, tanto nos países avançados como em desenvolvimento. Ele defendeu o aumento de impostos como medida para financiar bens e serviços públicos.
“Embora em muitos países aumentar impostos seja expressão proibida, creio que se deveria aumentar impostos nos Estados Unidos. Ninguém gosta de pagá-los, mas se a população quer investimentos em infraestrutura, tecnologia e demais bens comuns, eles devem ser aumentados”, disse Stiglitz.
O economista sugeriu a criação de outros marcos econômicos legais para que os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento consigam obter mais dinheiro pela exploração de recursos naturais. “Alguns países da África recebem só uma fração desses recursos”, criticou.
O Prêmio Nobel fez ainda um chamado para que o setor público atue para canalizar a poupança financeira para o setor produtivo. “Há muitíssima poupança. O problema é que o setor privado financeiro tem uma visão curta. Nunca investe no longo prazo, não investe nas pessoas”, declarou. “Temos que mudar a maneira com que se maneja a economia nos Estados Unidos, não só para que se aumente a poupança, mas para que a empreguem de maneira mais produtiva.”
Para Stiglitz, a desigualdade está relacionada ao modo com que a economia e a sociedade são estruturadas. Para reduzi-la, disse, as regras do jogo têm de mudar. Ele criticou ainda as políticas de ajuste empreendidas por países como Grécia e Espanha, que, segundo ele, escolheram um modelo que destrói o emprego, principalmente entre os mais jovens. “As políticas de ajuste impostas a esses países resultaram nesses níveis de desigualdade”, afirmou.
Na avaliação do economista, as reformas mais eficientes para diminuir a desigualdade dependerão da etapa de desenvolvimento de cada país. “No marco geral, temos de reescrever as regras do mercado que guiam as decisões políticas e econômicas”, disse o Nobel. Stiglitz defendeu que os empregados participem nas decisões chave das empresas, onde as mulheres tenham um papel igualitário e as condições trabalhistas sejam melhoradas, como condições adequadas de transporte para o trabalho.