A Guerra das Malvinas e a “mão de Deus”
Em abril de 1982 o desgastado regime argentino, agora sob o comando do General Leopoldo Galtieri decide levar a cabo o conflito que ficou conhecido como a Guerra das Malvinas. A intenção era desviar o foco da profunda crise econômica que o país atravessava através do enaltecimento do sentimento de nacionalismo dos argentinos, que seriam aflorados pelo combate.
Por Thiago Cassis*
Publicado 16/10/2015 14:05

Para a ditadura os resultados foram catastróficos. Em 14 de junho, dois meses depois do início do conflito e um dia depois da estreia da Argentina na Copa do Mundo de 82, os ingleses já tinham retomado a posse das Malvinas e a ditadura argentina teve selado o seu fim.
Com a morte de aproximadamente 650 argentinos, jovens soldados mal preparados e mal equipados, que tombaram lutando contra um exército inglês muito superior, a opinião pública já não aceitava mais a ditadura. A manutenção do regime tornou-se insustentável.
Em 1983 a democracia era restabelecida no país com a eleição do presidente Raul Alfonsín.
Três anos depois… em 1986, a seleção argentina vai ao México disputar o Mundial. Buscando se recuperar do fracasso da Copa de 1982 e, acima de tudo, elevar a estima de milhões de argentinos. A equipe tinha em Diego Armando Maradona sua grande esperança de voltar a levantar a taça e apagar a imagem da possível manipulação de resultados que havia ofuscado a conquista de 1978.
Após uma boa primeira fase, os argentinos batem os uruguaios nas oitavas de final e avançam para o tão esperado confronto contra os ingleses. Seria o reencontro após o sangrento episódio das Malvinas.
O clima de guerra foi construído pela imprensa mundial nos dias que antecederam a partida.
O primeiro tempo termina 0 a 0. Um jogo nervoso. Entradas duras por parte das duas equipes. Durante os dias que antecederam a partida a possibilidade do duelo nem mesmo terminar, por conta do ânimo exaltado dos atletas, era debatida por jornalistas e comentaristas que acompanhavam o mundial.
Foi quando aos seis minutos do segundo tempo, Maradona, com um sutil toque com a mão, sem que o juiz percebesse, desvia a bola para o fundo da meta inglesa. Para os argentinos, o gol não foi feito com a mão de Maradona e sim com ajuda da “mão de Deus”. Era o começo da redenção.
Quando os ingleses julgavam injusta a forma como a Argentina tinha aberto o placar, apenas 3 minutos depois do primeiro gol, Maradona pega a bola no meio do campo, dribla metade do time inglês e faz um gol histórico. Talvez o mais belo gol da história das Copas. A Inglaterra ainda achou tempo para descontar, mas já era tarde. As Malvinas estavam “vingadas”, ao menos no campo simbólico do futebol. As lágrimas por parte de torcedores, jogadores e até mesmo de narradores argentinos que transmitiam o jogo davam a dimensão do tamanho da conquista.
A Argentina venceria a Copa de 1986 sete dias depois, batendo os alemães por 3 a 2 na grande final.
Assista o segundo gol de Maradona contra a Inglaterra na transmissão da TV argentina: