CPMF é crucial para o país voltar a crescer, enfatiza Dilma

Em entrevista coletiva neste domingo (18), em Estocolmo, na Suécia, onde foi recebida pelo rei Carlos XVI Gustavo e a rainha Sílvia, a presidenta Dilma Rousseff ressaltou que a CPMF é “crucial para o país voltar a crescer” e defendeu sua aprovação pelo Congresso Nacional.

Dilma entrevista na Suécia - Agência Brasil

Dilma reforçou que a medida é necessária para reequilibrar as contas públicas e trazer estabilidade em 2016. “O Brasil precisa de aprovar a CPMF para que a gente tenha um ano de 2016 estável, do ponto de vista do reequilíbrio de nossas finanças. (…) Nós acreditamos que a CPMF é crucial para o país voltar a crescer”, afirmou.

A presidenta lembrou que no seu primeiro mandato, o seu governo enfrentou a crise econômica garantindo empregos e promovendo um nível de desonerações que não se pode aplicar nos dias de hoje. “É sempre melhor economicamente desonerar, reduzir impostos do que aumentar impostos”, declarou.

Medidas

Respondendo sobre iniciativas para a retomada do crescimento econômico, a presidenta lembrou que o governo vem tomando medidas para reduzir os gastos públicos. Além disso, destacou a redefinição dos preços relativos, que permitirá uma queda sistemática da inflação no curto e médio prazo.

Simultaneamente, o governo também criou o Plano de Nacional de Exportações que, combinado com a alta do dólar, permitiu a reversão positiva da balança comercial brasileira.

“Saímos de um deficit de US$ 4 bilhões e acreditamos que chegaremos a um superavit em torno de US$ 16 bilhões. Isso significará que as exportações vão dar sua contribuição. Não é só por causa do câmbio, também estamos fazendo toda uma política de comércio exterior no sentido de garantir acordos comerciais, como é esse que pretendemos fazer com a União Europeia.”

Dilma salientou que o governo também continua fazendo a sua parte com o Plano de Investimentos em Logística, com concessões nas áreas de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos e também na área de energia elétrica.

Especulações

Na entrevista, a presidenta também rebateu as especulações da mídia em torno da permanência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Lideranças políticas e de movimentos sociais têm defendido a mudança na política econômica e neste domingo o presidente do PT, Rui Falcão, numa entrevista publicada no jornal Folha de S. Paulo, reforçou a necessidade de mudança.

“Eu não sei como é que sai essas informações. Agora, elas são muito danosas, porque de repente aparece uma informação que não é verdadeira”, afirmou Dilma.

Questionada sobre as denúncias contra o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a presidenta Dilma disse que “lamenta que seja um brasileiro”.

Ainda na tentativa de transformar as denúncias num assunto de governo, jornalistas da grande mídia indagaram se tal situação não causavam constrangimento ao Brasil, e a presidente respondeu: “Seria estranho se causassem. Ele [Cunha] não integra meu governo, eu lamento que seja um brasileiro, se é isso que você [repórter] está perguntando”.

E acrescentou: “Não diria isso. Acho que se distingue perfeitamente no mundo o país de qualquer um de seus integrantes. Nenhum país pode ser julgado por ser isso ou por aquilo, nem o Brasil, e não se julga assim, acho que essa pergunta bastante capciosa”.

Dilma também rebateu as ilações dos derrotados das urnas de que o governo esteja negociando acordo com Cunha para salvá-lo de uma cassação de mandato em troca de ele barrar a abertura de um processo de impeachment.

“Eu acho fantástico essa conversa de que o governo está fazendo acordo com quem quer seja. Até porque o acordo do Eduardo Cunha não era com o governo, era com a oposição, era público e notório, até na nota [da oposição pedindo afastamento de Cunha do cargo] isso aparece”, disse. “Acho estranho atribuir ao governo acordo com presidente de Poder que não seja para passar coisa relativa a CPMF, DRU”, afirmou.

STF

Dilma não quis comentar as liminares do Supremo Tribunal Federal (STF) que barraram as manobras da oposição e de Cunha para abrir um processo de impeachment. “A decisão do STF diz respeito ao Judiciário e atendeu a um pleito de um deputado, não tem nada a ver com o governo diretamente, tem a ver com um procedimento do Legislativo”, disse.

A presidenta chegou a Estocolmo no sábado (17) para dois dias de encontros em busca de ampliar as relações comerciais. Dilma se reunirá com autoridades locais e empresários, incluindo uma visita à fábrica da Saab, de quem o governo brasileiro comprou 36 caças Gripen NG por US$ 5,4 bilhões.

A comitiva oficial é compostas pelos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Aldo Rebelo (Defesa), Armando Monteiro Neto (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e o secretário de Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.

Nesta segunda (19), a presidenta Dilma viaja para Helsinki, Finlândia, para compromissos com o governo local.