Dilma entra em caça Gripen, comprados pelo Brasil, ao visitar fábrica
Cumprindo uma intensa agenda de compromissos na visita oficial à Suécia, nesta segunda-feira (19), a presidenta Dilma Rousseff visitou o Instituto Real de Tecnologia (KTH, na sigla em sueco) e a sede da Saab, empresa fabricante dos caças Gripen, comprados pelo Brasil.
Publicado 19/10/2015 16:43
No instituto, Dilma assistiu a apresentação sobre o Instituto e os projetos que são desenvolvidos em parceria com o Brasil, incluindo o intercâmbio de alunos pelo Programa Ciência sem Fronteiras. “Olhamos com muito interesse e atribuímos estratégica relevância à Suécia no que se refere à nossa cooperação em ciência, tecnologia e inovação. Nesse sentido, o Instituto Real de Tecnologia da Suécia é relevante parceiro para o Brasil em todas as áreas. Tem sido um parceiro do Programa Ciência sem Fronteiras. É a instituição sueca que mais recebeu bolsistas brasileiros, desde a graduação até o pós-doutorado”, declarou a presidenta.
A presidenta destacou a importância da integração entre universidades, governos e empresas, classificando como a tríade estratégica para o desenvolvimento e a inovação. Ela ressaltou que o compromisso de seu governo é incentivar as empresas brasileiras a participar cada vez mais desse processo, aproximando universidades, laboratórios e centros de pesquisas brasileiros do KTH.
“Desejamos, também, que empresas brasileiras integrem-se às cadeias produtivas suecas”, disse. “Queremos estimular a todos os setores a se aproximar e desejamos ver o surgimento de startups”, acrescentou.
Além do Ciência sem Fronteiras, Dilma relacionou outras parcerias frutos da cooperação entre o Instituto e o Brasil: desenvolvimento de materiais sustentáveis na área de bioeconomia; pesquisa de materiais leves no domínio da aviação sustentável feitos pela Saab e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA); busca de métodos de maior eficiência no uso da energia pela Volvo, a Saab e a prefeitura de Curitiba; e desenvolvimento de soluções de mobilidade urbana pelas unidades brasileiras da Ericsson e da Scania.
“A cooperação do Brasil com o Instituto Real de Tecnologia diz muito a respeito de nossos propósitos. Esperamos que nossa colaboração nos permita superar o desafio da qualidade e encarar o futuro com segurança e percorrer o caminho da inovação e do bem-estar.”
Ainda nesta segunda a presidente visitou a sede da Saab, empresa fabricante dos caças Gripen, comprados pelo Brasil, em Linköping, chegando a entrar em uma das aeronaves.
Os 36 caças farão parte da frota da Força Aérea Brasileira (FAB). A primeira aeronave deverá ser entregue em 2019 e o investimento total com a compra de aviões militares Gripen de nova geração foi acordada com a Saab por US$ 5,4 bilhões.
Transferência de tecnologia
Militares e profissionais brasileiros já estão nas instalações da Saab dando início à etapa de treinamento e qualificação no Programa Gripen. Eles retornarão ao Brasil para implantar as fases de desenvolvimento e produção dos caças em território nacional.
A Embraer será responsável por diversas etapas do processo, como desenvolvimento de sistemas, integração, testes de voo, montagem final e entregas de aeronaves. A Embraer também participará da coordenação de todas as atividades de desenvolvimento e produção no Brasil. Do lado sueco, a Saab ficará responsável pelo treinamento de profissionais brasileiros e deve implantar unidades de desenvolvimento de equipamentos, sistemas e pesquisa no Brasil. Uma das cláusulas do contrato para a construção dos caças é a transferência da tecnologia de desenvolvimento e montagem para o Brasil.
Para o coronel Ramiro Kirsch, adido de Defesa e das Forças Armadas junto à Embaixada do Brasil na Suécia, o projeto será decisivo para o fortalecimento e expansão da indústria aeroespacial brasileira.
“Projetos como Gripen, como o do submarino nuclear da Marinha, como o do Guarani, no Exército, são projetos indutores de desenvolvimento tecnológico. Eles geram uma espiral ascendente, na verdade um círculo virtuoso de desenvolvimento industrial. Toda vez que eles demandam uma maior necessidade de produto de alto valor agregado, de alto valor tecnológico e a indústria nacional responde, isso vai capacitando a indústria nacional a fazer parte desses grandes projetos, tanto no Brasil, para as Forças Armadas e também para o mercado, bem como se preparando para as exportações ou, até mesmo, tendo contratos com a Saab”, afirma.
Participação de diversas empresas brasileiras
Além da Embraer, outras empresas brasileiras estão envolvidas nas diversas etapas do Programa, como Akaer, Inbra Aerospace, Atech, Ael Sistemas e Mectron. “Para o Brasil, vamos ter capacidade de melhorar a nossa atividade industrial, agregar produtos de maior valor agregado, ter um maior número de produtos nesse sentido. E, principalmente, desenvolver tecnologias de ponta aplicadas à Aeronáutica, o que, com certeza, vai permitir uma busca maior de mercados, por parte da Embraer e das demais empresas envolvidas”, garante.
O coordenador do Programa Gripen Brasil na Saab, Mikael Franzén, destaca que a produção dos novos caças brasileiros impulsiona áreas estratégicas, como a atividade industrial e a qualificação de mão de obra, por exemplo. “Ao mesmo tempo que você terá as aeronaves mais avançadas, você também terá a tecnologia delas. E serão muitos novos empregos a serem criados no Brasil em diferentes regiões do país. Esses empregos serão altamente especializados, uma vez que é necessária toda uma engenharia de desenvolvimento e uma produção muito avançada”, analisa.
Segundo o executivo sueco, a troca de experiências tende a ser muito proveitosa para ambos os lados. “Atualmente nós temos uma boa colaboração com as empresas brasileiras, que têm sido efetivamente parceiras no Programa Gripen. Esperamos continuar com essa parceria tanto nos programas existentes quanto nos programas futuros”, garante.