Mostra retrata etapas da gestação para incentivar parto normal 

A capital federal recebe a exposição Sentidos do Nascer que vai mostrar as sensações de todas as etapas da gestação. A mostra quer incentivar o parto normal ao estimular a percepção das pessoas em relação ao nascimento. Dividida em módulos, a exposição traz à tona críticas ao tratamento da gestação e parto como um negócio.
 

Mostra retrata etapas da gestação para incentivar parto normal - MS Notícias

A exposição fica no Distrito Federal até o dia 5 de dezembro. O encerramento da visitação será durante a 15º Conferência Nacional de Saúde, maior evento do país na área da Saúde, coordenado pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Nacional de Saúde.

A mostra vai permitir aos visitantes a sensação de todos os momentos da gravidez, como o crescimento da barriga, onde é possível sentir-se "grávido", tendo uma experiência lúdica, além de uma oportunidade de reflexão sobre o tema.

Um dos produtos, intitulado Parto Programado, faz referência aos riscos de o bebê nascer prematuro com o agendamento de cesarianas: "Marque a data do nascimento de seu filho e ganhe uma diária na UTI neonatal".

Controvérsias

O ambiente "Controvérsias" é o espaço para o diálogo entre os sujeitos que comumente opinam e influenciam a decisão da mulher sobre a via de parto: cirúrgica ou vaginal. Com uma linguagem simples e direta, um vídeo simula o que os casais grávidos costumam ouvir durante a gestação.

Após o vídeo, o público segue para a experiência sensorial do "Nascimento", onde ouvirá sons de batimentos cardíacos e ruídos de água que reproduzem os barulhos internos que a criança ouve quando está no ventre da mãe. Os visitantes simularão a entrada no útero e passarão pelo canal de parto. Ao final, serão recebidos pela imagem de uma mulher de braços abertos.

Por último, o público se encontrará no espaço "Conversas", uma área de convivência em que será possível aprofundar nos temas abordados na exposição, conversar e trocar experiências. Além de textos que estarão disponíveis em grandes painéis e filmes sobre o nascimento, mediadores poderão esclarecer as dúvidas de cada um e quem quiser poderá deixar um depoimento que será registrado em vídeo. É uma oportunidade para que cada visitante coloque sua voz nesse amplo debate.

Epidemia de cesáreas

O Ministério da Saúde entende que o Brasil vive uma epidemia de cesáreas. Essas cirurgias se tornaram ao longo dos anos a principal via de nascimento no país, chegando a 55% dos partos realizados no Brasil e em alarmantes 84,6% nos serviços privados de saúde. No sistema público, a taxa é de 40%, consideravelmente menor, mas ainda elevada.

O aumento do índice de cesáreas no Brasil pode ser explicado por uma série de fatores, que envolvem falta de informação, questões culturais e formação profissional. Por isso, o Ministério da Saúde tem tomado diversas medidas para reduzir o número de cesáreas feitas sem necessidade, que aumentam a probabilidade de surgimento de problemas respiratórios para o recém-nascido e o risco de morte materna.

Em julho deste ano entrou em vigor a Resolução Normativa nº 368 criada pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para estimular o parto normal e reduzir as cesarianas desnecessárias. A medida garante que, as operadoras de planos de saúde, sempre que solicitadas, deverão divulgar os percentuais de cirurgias cesáreas e de partos normais por estabelecimento de saúde e por médico.

Também passou a ser obrigatório o fornecimento do Cartão da Gestante e a Carta de Informação à Gestante, no qual consta o registro de todo o pré-natal; e exigência que os obstetras utilizem o Partograma, documento gráfico onde é registrado tudo o que acontece durante o trabalho de parto.

O Ministério da Saúde também está desenvolvendo projeto piloto para incentivar o parto normal e reduzir a ocorrência de cesarianas desnecessárias – feitas sem a indicação técnica adequada e antes de a mulher entrar em trabalho de parto.

Estão sendo capacitados profissionais de 28 instituições (23 privadas e cinco públicas), além de 16 estabelecimentos que formam um grupo de seguidores, que querem reduzir seus índices de cesáreas e estudar novos modelos de atenção às gestantes.