Lula: Jornais condenam antes de as pessoas saberem que têm um processo
Em viagem ao Nordeste onde participa de eventos que têm a educação como tema, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que o país vive um “momento de ódio”, mas reafirmou que, diferentemente de muitos, dorme com a “consciência tranquila”.
Publicado 22/10/2015 10:34
A declaração foi feita nesta quarta-feira (21) em Teresina, no Piauí, onde Lula recebeu os títulos de cidadão piauiense e teresinense.
“Eu sei o que fizemos pelo Brasil. Não faço política atrás de agradecimento. Político é assim, não espere agradecimento. O melhor agradecimento é deitar com sua consciência tranquila todo dia e é o que eu faço. Fiz o que era justo para meu país”, enfatizou.
E acrescentou: “Esse país está vivendo um momento de ódio, esse país está vivendo um momento em que as pessoas nem precisam ser julgadas. As manchetes dos jornais condenam antes de as pessoas saberem que têm um processo contra elas. Muita gente fica nervosa e precisa ter calma”.
Lula também reafirmou a necessidade de disputar a batalha da comunicação para desmontar os factoides contra o governo, como a questão da crise econômica. Ele disse que países como Espanha, Itália e França também tiveram suas crises.
“O Brasil não era uma ilha no meio do deserto. Nós também estamos sofrendo, e a presidenta tomou atitude para tentar melhorar. Isso a gente faz na casa da gente. Se gastou um pouco demais, perdeu a conta, você tem que brecar. Ou a gente faz isso ou quebra de vez”, argumentou.
Educação
Educação foi o foco do discurso do ex-presidente. Ele visitou a escola-modelo Didácio Silva, ao lado do governador Wellington Dias e da secretária estadual da Educação, Rejane Dias.
Sob o olhar atento de cerca de 100 alunos dessa e de outras escolas do estado, além de professores, pais e funcionários, Lula afirmou: “Eu vim aqui aprender com vocês”. E ouviu o relato de professores, alunos e pais. O diretor Alberto Machado contou que, antes de se tornar referência, a escola sofria com a violência e a evasão escolar. Hoje, existem projetos de arte, desenvolvimento tecnológico, literatura e o ensino é em tempo integral. O índice de evasão é zero, e o de aprovação, 98%. “Essa escola nos emociona por esses resultados. Nossos alunos têm prazer de estar aqui”, afirmou o diretor.
“Investir em educação é a mais extraordinária oportunidade de o país ter retorno e possa exportar conhecimento. A educação é a maior herança que um pai pode deixar para seus filhos”, destacou o ex-presidente.
Plenária
Lula também participou da Plenária de Mobilização pela Educação, que contou com a participação de lideranças da educação, prefeitos, deputados, movimentos sociais, sindical e políticos.
“Depois de tudo que ele fez, o presidente Lula poderia se dedicar ao tema da erradicação da fome e da pobreza. Mas, ao ver o Congresso aprovar o Plano Nacional da Educação, resolveu viajar pelo Brasil”, disse o governador Wellington Dias.
Lula reafirmou sua crença na importância de oferecer um ensino de qualidade a todos. “É através da educação que a gente consegue criar oportunidades iguais para todos os seres humanos. A educação é, definitivamente, o passaporte para o futuro desse país”, defendeu.
Lembrou da descrença inicial em relação à Olimpíada de Matemática: “Diziam que aluno pobre de escola pública não tem interesse em Olimpíada de Matemática”. “Na primeira, em 2005, se inscreveram 9 milhões de estudantes. Em 2006, era ano eleitoral e a Justiça Eleitoral não permitiu colocar sequer um boletim na porta da sala. Pasme, governador, foram 15 milhões de alunos inscritos.”
“Estou levando essa mensagem, especialmente para os companheiros do PT, para que se engajem em uma educação melhor para todos”, disse, explicando sua militância para a implementação das 20 metas do Plano Nacional da Educação. Para ampliar e consolidar os avanços, continuou, “temos que dar um passo adiante”. “Sabemos que a nossa tarefa ainda é muito árdua. Temos que subir mais um degrau, quem sabe dois. Garantir a qualidade da educação para que as conquistas não se desfaçam ao longo do tempo.” Uma das maneiras de garantir isso é justamente através do plano de metas: “O PNE sempre foi um anseio da sociedade brasileira que nós encaminhamos ao Congresso Nacional. Esse plano foi resultado de muito debate e muita conferência”.