Colômbia e Peru, exemplos neoliberais que fracassaram

A Colômbia e o Peru são dois exemplos de países que aplicaram políticas econômicas neoliberais e não tiveram sucesso. Apresentam altas taxas de desemprego, decréscimo econômico, pouca geração de empregos, aumento da inflação e redução do poder aquisitivo da população. Tudo isso gerou crises econômicas e sociais que agora os governos precisam enfrentar.

Manifestação Peru - Reuters

Recentemente o FMI e o Banco Mundial emitiram informes onde apresentavam um suposto crescimento econômico nos dois países. No entanto, a realidade é outra. No Perú, o governo de Ollanta Humala iniciou um plano de ajuste fiscal que contempla a redução do gasto público, isso afeta diretamente os programas sociais e áreas como saúde, educação e cultura.

A desapropriação de terras da população para entregar a empresas multinacionais que colocam em prática projetos de mineração; a falta de políticas públicas que ataquem as causas estruturais da pobreza e as desigualdades sociais agudas contribuem para o descontentamento do povo peruano.

Tratados de Livre Comércio: Peru Colômbia e União Europeia

Em 26 de junho de 2012 foi firmado em Bruxelas, Bélgica, o Acordo Comercial entre a União Europeia, Peru e Colômbia. Em 11 de dezembro de 2012 o parlamento europeu aprovou, por maioria, o acordo. Ao tempo que o congresso peruano fez o mesmo no dia seguinte o acordo que entrou em vigência em 1º de março de 2013.

A questão é que este TLC afetou diretamente as micro e pequenas empresas do Peru, em especial as indústrias leves (papel, couro, madeiras) e as de produção com maior valor agregado. A amortização de tarifas que este tratado traz faz com que os produtos peruanos sejam substituídos pelos importados.

O Peru também se vê prejudicado no setor agrário, devido ao fato de que a União Europeia mantém os subsídios que concede aos seus produtores. Isto distorce os preços internacionais e propicia uma competitividade desleal com os produtores agrários peruanos.

Na Colômbia os indicadores econômicos mostram que durante 2015 o país apresentará um crescimento do desemprego, dos preços dos alimentos e dos produtos básicos; assim como deve apresentar prováveis reduções nos programas de subsídios governamentais, a expectativa é que em 2016 a situação seja ainda mais grave.

O fechamento da fronteira entre Venezuela e Colômbia revelou a difícil situação econômica e social colombiana, onde se evidenciou que 80% do comércio em Cúcuta (município fronteiriço) se sustentava do contrabando e 60% das pessoas trabalhavam na economia informal devido à inexistência de fonte de trabalho e do controle da região que estava sob o paramilitarismo.

A situação na fronteira colombiana é um reflexo da falta de atenção do Estado, a ausência de políticas orientadas a atender às demandas sociais e que beneficiam a maior parte da população, não só as elites.

A crise social na Colômbia se deve a fatores como a inexistência por parte do governo de distribuição de terras, política sociais capazes de resolver os problemas desde a base e projetos para a redução das desigualdades; um agravante ainda é a desconfiança generalizada do povo com as instituições governamentais.

Qual modelo fracassou?

Em meio à crise fronteiriça entre Venezuela e Colômbia o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, afirmou que o modelo social e político da revolução bolivariana havia “fracassado”. Isso, no entanto, mostra desconhecimento da realidade venezuelana.

Em apenas 15 anos a Venezuela foi considerada livre do analfabetismo, reduziu os níveis de pobreza em mais de cinco pontos, diminuiu para cerca de 10% a taxa de desemprego e mais de 60% da população conta com trabalho estável.

Como os tratados de livre comércio com a UE prejudicam a Colômbia?

O setor de laticínios, que agrupa cerca de 380 mil pequenos empresários colombianos, é o mais prejudicado devido aos subsídios descomunais, diretos e indiretos, que há na Europa para este setor.

O setor automotivo é outro bastante prejudicado. A eliminação de taxas para esta categoria ameaça as indústrias colombianas, sobretudo porque as marcas europeias são as líderes de mercado. Além disso, a produção conjunta entre UE e Estados Unidos representa 45% da produção mundial de automóveis. Esse conjunto faz com que o país importe mais do que exporte. Outro ponto do tratado de livre comércio que prejudica o país latino é que se vende a matéria prima e sevcompra o produto pronto.

Quanto à oferta alimentícia e de manufaturas, a Colômbia compete com o mercado europeu e com outros atores mundiais que têm mais desenvolvimento nestes setores.