Bancários assinam acordo coletivo e destacam papel da CTB
O Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) assinaram na tarde desta terça-feira (3), em São Paulo, a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e os acordos aditivos específicos com as direções do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, além do Programa Complementar de Remuneração no Itaú e da gratificação de R$ 3 mil conquistada pelos bancários do HSBC.
Publicado 04/11/2015 12:40
Participaram da solenidade de assinatura Emanoel Souza, presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe e membro do Comando Nacional, Ivânia Pereira, presidenta do Sindicato de Sergipe, Augusto Vasconcelos, presidente do Sindicato da Bahia, e Olivan Faustino, secretário-geral do Seeb-BA.
Com assinatura do acordo, começa a contar o prazo para a compensação dos dias parados e também os 10 dias para que depositem a Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Salários e demais verbas têm de ser pagas retroativas a 1º de setembro.
Após 21 dias de greve, os bancários conquistaram reajuste de 10% para salários, piso, PLR e outras verbas e de 14% para vales alimentação, refeição e a 13ª cesta-alimentação. Além disso, ficou garantida a assinatura de um termo de entendimento entre os seis maiores bancos e as entidades sindicais para tratar das condições de trabalho nos bancos, com o objetivo de reduzir as causas de adoecimento.
“Apesar de não ser a maior força, a CTB teve um papel protagonista nessa campanha. Participamos ativamente das mesas e desempenhamos um papel importante para alcançarmos esse resultado. Foi uma das maiores greves dos últimos tempos que começou grande e terminou com cerca de 13 mil agências paralisadas em todo país”, lembrou Ivânia Pereira.
Ao fazer um balanço da campanha Emanoel Souza ressaltou que esta se deu numa conjuntura muito difícil, num momento de crise econômica, e na defensiva da maioria das categorias. “Os banqueiros tentaram impor aos trabalhadores uma derrota com a retomada da política de arrocho salarial compensada por abonos. Uma política que ao longo dos anos 1990 provocou a redução de salário da categoria. A categoria conseguiu quebrar essa lógica”, afirmou o sindicalista.
Nesse sentido, para Emanoel Souza, a CTB teve um papel muito importante. “Desde o início da campanha o Fórum dos presidentes da Bahia e Sergipe aprovou o lema sem aumento real não tem acordo. Proposta aprovada no comando e encampada nos sindicatos, ou seja, desde o início sinalizamos que não sairíamos da greve sem a garantia de aumento real, que acabou conquistado, ainda que pequeno (0,2%). A lógica se manteve”, reforçou Souza.
Opinião compartilhada por Augusto Vasconcelos. “A greve foi extremamente importante, pois demonstrou a força da categoria. Com nossa unidade foi possível fazer com que os bancos elevassem sua proposta original, que era de 5,5%. No geral, consideramos que diante do lucro obtido pelo setor seria possível avançar. Por isso a CTB desde o início votou pela rejeição da proposta mas, consideramos que mesmo essa proposta acordada pode ser considerada uma vitória política tendo em vista que derrotamos a estratégia dos bancos de tentar impor um aumento abaixo da inflação com uma política de abono. Isso sem dúvida representa um passo importante para nossa categoria”, avaliou Vasconcellos.
Acordos aditivos
A mobilização dos bancários também foi responsável por avanços importantes nos acordos aditivos. No BB, foram assegurados avanços no que se refere à isonomia dos egressos de bancos incorporados (como a antiga Nossa Caixa), para atendentes do Serviço de Apoio ao Cliente (SAC) e da Central de Atendimento (CABB), além da manutenção da distribuição semestral da PLR. O banco confirmou o crédito da primeira parcela da PLR nesta terça.
Os empregados da Caixa conseguiram barrar a implantação da terceira etapa do plano Gestão de Desempenho Pessoal (GDP) e mantiveram a promoção por mérito e a PLR Social.
No Itaú, também será renovado acordo referente à bolsa de estudos e ao Programa Complementar de Remuneração (PCR), que prevê pagamento de R$ 2.285 sem desconto na PLR da categoria. Já no HSBC, os bancários conseguiram um acordo que garante uma gratificação de R$ 3 mil para todos os funcionários.
A assinatura do acordo específico com o Banco do Nordeste acontece na próxima quinta-feira, 5 de novembro, às 15h, na sede do Banco, em Fortaleza (CE). Nesta terça, a direção do banco assinará apenas o termo de comprometimento em cumprir a Convenção Coletiva dos Bancários.
“Num balanço geral consideramos a proposta insuficiente porque não conseguimos avançar nas questões especificas como na discussão das contratações, na manutenção do emprego, questões relacionadas ao dia a dia das condições de trabalho, enfrentamento às metas, vai ser criado um grupo de trabalho nos seis maiores bancos para estruturar melhorias no ambiente de trabalho. Consideramos isso importante, no entanto insuficiente. Mesmo assim diante das dificuldades de mobilização de pressão e ameaças, tentativas de judicialização da greve com interditos proibitórios, acreditamos que mesmo assim os trabalhadores demonstraram uma grande força, uma vitalidade na luta com assembleias massivas. Apesar de que acreditamos que é preciso ampliar o grau de mobilização porque a greve depende de uma presença e participação constante”, frisou o líder sindical.
Bancários nas redes Sociais
Outra inovação da campanha salarial deste ano foi o uso da rede social. Os bancários utilizaram as ferramentas virtuais para denunciar o descaso dos bancos com trabalhadores e clientes.
“A CTB também teve um papel protagonista ao propor a utilização das redes sociais. Com a #exploracaonaotemperdao denunciamos à população as taxas de juros exorbitantes cobradas no cheque especial, o aumento de 162% na receita de tarifas, os altos lucros derivados dos juros astronômicos cobrados pelos bancos. Precisamos aumentar nossa atuação nas redes sociais, mas já foi um passo importante. E a CTB, mesmo sendo minoritária, cumpriu um papel fundamental nessa campanha”, finalizou o presidente da Federação da Bahia e Sergipe.