Angola festeja 40 anos de independência

Os angolanos festejam quarta-feira o quadragésimo aniversário da sua independência, proclamada em 11 de novembro de 1975, após 14 anos de luta armada contra o colonialismo português.

Agostinho Neto, artífice da independência angolana, chega a Luanda no início dos anos 1970

Foi precisamente à zero hora do dia 11 de novembro que o então Presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e chefe de Estado da jovem República, António Agostinho Neto, proclamou a Independência do país.

“Em nome do povo angolano, o Comitê Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) proclama, solenemente, perante a África e o mundo, a independência de Angola”, anunciou o primeiro presidente de Angola.

Segundo Agostinho Neto, “correspondendo aos anseios mais sentidos do povo, o MPLA declara o nosso país constituído em República Popular de Angola”.

“Mais uma vez deixamos aqui expresso que a nossa luta não foi nem nunca será contra o povo português. Pelo contrário, a partir de agora, poderemos cimentar ligações fraternas entre dois povos que têm de comum, laços históricos, linguísticos e mesmo objetivo: a liberdade”, esclareceu.

A independência, proclamada na então Praça 1º de Maio e presenciada por milhares de angolanos, foi alcançada fruto de uma luta armada iniciada em 1961, depois de, em 1956, algumas formações políticas de intelectuais angolanos se terem unido num movimento de libertação, que viria a se chamar MPLA.

Naqueles anos, da década 1950, foi proclamado um manifesto, cujo objetivo essencial definia que Angola não conseguiria se libertar do colonialismo sem luta, dada a intransigência da potência colonizadora.

Na década de 1960, nomeadamente e 4 de fevereiro de 1961, eclodiu a guerra de libertação, marcada com assaltos às principais cadeias de Luanda, onde alguns dirigentes nacionalistas se encontravam encarcerados.

A partir dessa data, o povo angolano encetou uma guerra contra as autoridades coloniais portuguesas, através de guerrilhas, devido ao seu fraco poder bélico.

Com o desenvolvimento do processo e, devido à ajuda internacional às forças nacionalistas angolanas, a guerra pela independência nacional alastrou-se a todo território, dando início a um conflito que duraria mais de uma década.

Com os acontecimentos ocorridos em Portugal, em 25 de abril de 1974, em grande parte influenciados pelas lutas de libertação desencadeadas em todas ex-colônias portuguesas, assistiu-se à derrocada do sistema colonial português.

Os conflitos ocorridos entre os nativo e os colonialistas deram origem ao êxodo dos colonos, quer para Portugal, quer para outros países.

Em 10 de janeiro de 1975 teve início em Alvor, Algarve (Portugal), uma cúpula em que participou o governo português e representantes de três movimentos angolanos de libertação (MPLA, FNLA e Unita).

A 15 do mesmo mês foram assinados os Acordos de Alvor, que estipulavam o processo da independência, marcada para 11 de novembro de 1975, e a constituição de um governo de transição, composto por representantes dos três movimentos de libertação.

A 28 de Janeiro, o general português Silva Cardoso foi incumbido de exercer as funções de Alto-Comissário para Angola e, simultaneamente, o representante da República Portuguesa em Angola.

No dia 31 de janeiro de 1974 foi empossado o Governo de Transição, mas a situação agudizou-se devido as rivalidades existentes entre os movimentos de libertação até que, a 2 de Agosto de 1975, o general Silva Cardoso abandonou o país, tornando-se um fracasso os Acordos de Alvor.

Com o abandono de Silva Cardoso, Angola entrou num estado aberto de confrontação, o êxodo dos colonos tornou-se cada vez mais acentuado, deixando o país a braços com graves problemas, principalmente a falta de quadros técnico e médios.

Foi neste ambiente de guerra que em 11 de Novembro, Agostinho Neto, fundador da nação e primeiro presidente de Angola (já falecido) proclamou a independência da República Popular de Angola.

Em setembro de 1979, no dia 10, Agostinho Neto morre por doença em Moscou, e seu cargo passa a ser ocupado por José Eduardo dos Santos que, em finais de 1990, em decorrência da contrarrevolução na Europa, cede terreno e entra em acordo com a oposição armada pela realização de eleições. Elas são realizadas em 1992 e são amplamente vencidas pelo MPLA.

A Unita, signatária dos acordos de Bicesse com o governo, documento que deu origem às eleições, rejeitou os resultados e reiniciou a guerra, insuflada pelas potencias neocolonialistas, como os Estados Unidos.

Seguiram-se várias tentativas de se parar a guerra, até que, em 20 de Novembro de 1994, se assinou, após um ano de negociações, o Protocolo de Lusaka, na capital zambiana, igualmente violado pelo mesmo grupo.

A guerra prosseguiu até que, no dia 4 de abril de 2002, após vários anos de negociações, foi assinado o Memorando de Entendimento Complementar ao Protocolo de Lusaka, entre o governo e a Unita, marcando o fim de um longo período de guerra.

A cerimônia foi assistida pelo atual Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, dirigentes e representantes das comunidades nacional e internacional.

A data constitui, igualmente, uma das maiores conquistas do povo angolano após a independência nacional.

“A bandeira que hoje flutua é o símbolo da liberdade, fruto do sangue, do ardor e das lágrimas, e do abnegado amor do povo angolano”, disse Agostinho Neto aquando da proclamação da Independência de Angola.

O ato central das comemorações do 40º aniversário da independência realiza-se na Praça da República, em Luanda sob o lema “Angola 40 anos: Independência, Paz, Unidade Nacional e Desenvolvimento”.