Polícia usa spray de pimenta e balas de borracha contra estudantes 

Cerca de 250 estudantes da Escola Estadual Fernão Dias, na capital paulista, estão ocupando o colégio desde terça-feira (10). O local faz parte do plano de restruturação do governo Alckmin, que pretende fechar 94 escolas em todo o estado e outras centenas de salas de aulas, transferindo essa parcela da responsabilidade do governo do estado para o município. 

Por Laís Gouveia

A escola não será fechada, porém, com a reorganização do ensino, em 2016, a escola passará a ter apenas o ensino médio e os estudantes do ensino fundamental serão transferidos para outra escola.
Durante a tarde desta terça-feira, policiais militares que já estavam cercando a escola, tentaram levar à força dois estudantes, mas foram contidos pela multidão que gritava “é estudante e não bandido!”.

Na manhã desta quarta-feira (11), os policiais militares voltaram a praticar violência, ferindo dois alunos. A estudante do Colégio Fernão Dias, Sandy, contou ao Portal Vermelho que o movimento começou por conta da luta contra reorganização e denuncia que a ação está sendo duramente reprimida pela PM. “A polícia que diz defender a população nos cercou e disparou tiros de borracha, quase fui acertada. Fui atingida por spray de pimenta, passei muito mal e ainda por cima os profissionais que estavam em uma ambulância negaram atendimento”.

A presidenta da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), Angela Meyer, acompanhou todo o processo de ocupação e também acusa a PM paulista de uso abusivo da força. “Os estudantes ocuparam o prédio em um ato de resistência contra a reorganização, a Polícia Militar, mais uma vez, usa da truculência com os estudantes, mas as ocupações são o último recurso contra a medida de desmonte educacional promovido por Alckmin. Nesta semana, estão ocupadas a Escola Fernão Dias e a Escola Estadual de Diadema. Na semana que vem, mais escolas serão ocupadas, ou seja, a mobilização está apenas no começo”.

Angela afirma que haverá uma plenária no Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), onde será lançada a campanha de ocupação e pelo boicote ao Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp).

Logo após o resultado de uma pesquisa afirmar que 59% da população paulista desaprova o remanejamento dos estudantes, desde o início da semana, o governador Geraldo Alckmin vem aparecendo em inserções na TV e rádio para fazer a defesa do plano de reestruturação das escolas estaduais. A questão é que o governador expõe o plano mas não apresenta justificativas para as medidas adotadas.