Ocupações: Estudantes paulistas resistem ao desmonte tucano

Alunos da Escola Estadual Salvador Allende, localizada na zona leste da cidade de São Paulo, se somam a outros estudantes do Estado que ocupam pelo menos 9 escolas, que podem ser fechadas pela política de desmonte da educação do Governo tucano de Geraldo Alckmin. 

por Railídia Carvalho

Escola Salvador Allende

Na opinião de Wenny Sena, da Comunicação do Movimento, e aluna do 2º ano do ensino médio, essa é a hora  de esclarecer a população que segue manipulada pela propaganda institucional do Governo do PSDB. “A minha sala tem 37 alunos. Isso é pouco? Foi uma notícia muito impactante pra gente”, disse. Um dos argumentos da proposta do governador Alckmin para o fechamento é a pequena quantidade de alunos por sala de aula.

Andreia Nascimento é moradora de Itaquera e ex-aluna da escola. Lá também estudou um dos filhos dela. “É um absurdo fechar escola em uma região com um alto número de crianças fora da escola”. Para ela, a migração de alunos para outras escolas da região pode provocar um problema a mais já que essas mesmas escolas estão saturadas em número de alunos. “E ai quando você tem menos oferta na escola pública você empurra esses alunos para escolas privadas”, completou.

De acordo com Silvio Souza, secretário-adjunto de comunicação da Apeoesp e professor em outra escola da região, a medida  de Alckmin atinge um equipamento símbolo da luta pela democratização do acesso à educação pública na região. “E é um ataque direto aos trabalhadores quando impõe dificuldades tanto aos pais quanto aos alunos que estudam no horário noturno justamente porque trabalham ou ajudam a cuidar dos irmãos”, explicou.

A reportagem do Vermelho tentou ouvir alguns professores da escola que lá estavam e também o diretor. No entanto, eles preferiram não dar declarações. Também não houve confirmação se haverá a reunião agendada pelo governo do Estado com pais e mães de alunos para este sábado. Segundo Silvio alguns desses encontros tiveram as datas alteradas. O objetivo das reuniões seria informar aos pais para quais escolas os estudantes deverão ser transferidos.

A notícia do fechamento da Salvador Allende criou uma organização instantânea entre os alunos da escola. “Foi doloroso. É a única coisa que nós temos por aqui e precisamos lutar pra manter”, disse Wenny. A mãe de um dos alunos da escola, Mônica, confirmou que essa situação foi responsável pela união e pela organização dos alunos. Mobilização de pais e alunos pode ter feito o governador recuar no fechamento da Escola Estadual Augusto Melega, em Piracicaba, no interior de São Paulo. Segundo matéria publicada nesta sexta-feira no site Brasil 247 a escola não deverá mais ser fechada.

Quase no final da tarde houve uma correria dos estudantes até a sala da diretoria. Havia sido ventilada uma informação, não confirmada, de que a PM invadiria a escola, o que fez com que crianças e adolescentes formassem um cordão de isolamento em frente a sala do diretor. Meia hora depois o boato não se confirmou. Mais cedo Wenny informou que o grupo realizou uma conversa pacífica com a PM, que estava com duas viaturas da ronda escolar estacionadas em frente a entrada da escola.