Publicado 23/11/2015 14:06
Ainda que alguns relatórios confidenciais há meses apontavam para suposta má administração financeira de Jadue, o presidente da Associação Nacional de Futebol Profissional (ANFP) do Chile conseguiu sair ileso.
Parecia inclusive que o tema ia recair sobre a Copa América, justamente pouco tempo depois de estourar o gigante escândalo de corrupção e subornos da FIFA, com acusações lançadas pelo FBI dos Estados Unidos.
Mas é evidente que a malha do futebol é bem mais complexa do que parece e entre silêncios cúmplices, as próprias emoções do torneio continental e a vitória vibrante do Chile, tudo ficou como mera insinuação.
De repente, uma explosão brutal, como uma bomba. Jadue foi aos Estados Unidos, supostamente a prestar declarações como testemunha protegida perante o FBI, ainda que se viu obrigado a deixar seu cargo.
Depois, outros relatórios surgiram. Ele manteve uma conta milionária no paraíso fiscal das Ilhas Vírgens, utilizou um recurso jurídico conhecido como sociedades offshore.
As operações foram realizadas através da Amicorp, uma empresa dedicada às assessorias de investimentos e com presença em mais de 40 países do mundo.
Entre os elementos que começam a sair à tona, a partir de relatórios supostamente fidedignos, aparece que Jadue distribuía dinheiro na forma de empréstimos irregulares a 23 clubes do Chile, um deles presidido por seu tio Sabino Jadue.
Existem também a acusação ao ex-cartola da ANFP de ter subornado membros da Conmebol (a máxima entidade do futebol sul-americano) com cerca de 1,5 milhões de dólares que, segundo a mesma revelação da promotora estadunidense, teriam sido pagos entre junho e setembro de 2013.
Os subornos foram entregues a cada uma das sete federações da entidade em troca dos direitos de transmissão de todas as versões da Copa América até 2023. De acordo com diversas fontes, Jadue recebeu ao redor de 2,2 milhões de dólares em propina, do qual o FBI tem provas. Sua queda, ao que tudo indica, está relacionada às saídas de seus colegas colombiano Luis Bedoya e o equatoriano Luis Chiriboga.
Sem luzes claras no horizonte, no Chile, admiradores de Marcelo "Matador" Salas, o ex-artilheiro de La Roja, foi promovido como candidato para tomar as rédeas da ANFP em eleições futuras.
Mas Salas foi categórico ao avaliar a situação:
"Existe um grande problema na ANFP e no futebol. O principal é ordenar e limpar. A direção deve renunciar, as pessoas encarregadas das gestões. Ou estão envolvidos ou não cumpriram a tarefa (seu trabalho) de fiscalização e administração", enfatizou.
Em 27 de maio de 2015, 17 pessoas direta ou indiretamente vinculadas à FIFA receberam ordem de detenção, acusadas de corrupção e suborno. Também ficaram aguardando o julgamento várias federações nacionais e a organização de torneios.
Dentro da mesma FIFA há uma profunda crise que mantém afastados do poder dois personagens que até pouco tempo eram pilares da Federação, o suíço Joseph Blatter e o francês Michel Platini.