Novo titular da ECT e trabalhadores pactuam reestruturação da estatal

O presidente da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (FINDECT) e dirigentes dos Sindicatos dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares (SINTECT), dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Tocantins, estiveram na última semana em Brasília para pedir o apoio de parlamentares e empenho ao novo presidente da ECT à reestruturação da empresa, que atravessa um período de crise.

Giovanni Queriroz, presidente ECT - Portal CTB

No dia 18 de novembro a gestão dos Correios foi mudada. A presidenta Dilma Rousseff exonerou Wagner Pinheiro de Oliveira, presidente desde 2011, e empossou o ex-deputado paraense Giovanni Queiroz, escolhido pelo PDT para a função. Giovanni é médico de formação e atuou no Ministério do Trabalho quando Manoel Dias era ministro.

Elias Cesário (Diviza) do (SINTECT/SP), Ronaldo Ferreira Martins (SINTECT/RJ), José Aparecido Rufino (SINTECT/TO), Shampoo (SINTECT/RN) e José Aparecido Gimenes Gandara (FINDECT) estiveram na Câmara dos Deputados com o parlamentar Daniel Almeida (PCdoB/BA) e na sede dos Correios com o novo presidente da estatal.

A equipe de sindicalistas foi recebida para uma conversa com Queiroz, que ouviu sobre a atual situação dos trabalhadores e a estrutura da ECT. Segundo os representantes do movimento sindical, nos últimos anos a empresa vem sendo afetada por sérios problemas estruturais, trabalhistas e de gestão.

“Nós trouxemos algumas demandas ao presidente, relacionadas à assistência médica dos funcionários, à greve da Central de Distribuição Domiciliar (CDD) de Botafogo, Rio de Janeiro, que já dura 28 dias, ao fundo de pensão nosso, que sofreu um rombo muito grande, entre outras. Pedimos a volta do recrutamento interno e da meritocracia. Defendemos que os cargos na empresa precisam ser ocupados por profissionais capacitados, não por indicações políticas”, afirmou Gandara.

O dirigente da FINDECT disse ainda que a equipe apresentou provas documentais sobre cada problema relatado, para conhecimento da nova gestão. “Queremos que esta nova administração promova a mudança que os Correios necessita. Giovanni foi bastante receptivo e pediu uma reuniao quinzenal com a FINDECT, os sindicatos aqui e é muito bom que tenhamos esse espaço de diálogo nesse primeiro momento. A reunião foi muito produtiva”, afirmou Gimenes.

Uma das principais reivindicações da equipe à nova gestão foi em relação à greve da CDD. Os trabalhadores do centro em Botafogo pedem melhorias das condições de trabalho, consideradas precárias, e reposição de pessoal.

Ao deputado Daniel Almeida os sindicalistas pediram a fiscalização dos trabalhos da nova gerência para garantir que a empresa atenda às reivindicações da classe. Em resposta, o deputado se colocou à disposição da categoria. “Acompanharemos o desempenho da empresa, sempre levando em conta a proteção e os direitos dos trabalhadores. Assumo o compromisso de, aqui no Congresso, acompanhar de perto, colocando o mandato à disposição, para proteger a empresa, os trabalhadores e os seus direitos”, declarou Almeida.

Resposta da ECT

Giovanni Queiroz ouviu atentamente cada relato e solicitação feitos pelos sindicalistas e prometeu diálogo constante com o movimento sindical. O presidente convidou a federação e os sindicatos para se reunirem com ele a cada 15 dias, a fim de planejar ações voltadas à melhoria dos serviços e das condições de trabalho. O novo gestor disse que trabalhará em conjunto com os sindicatos para promover as mudanças necessárias à ECT e seus funcionários.

“Assumir esta empresa na situação que está, em dificuldades, que são também conjunturais, muitas provocadas pela própria situação do país, é um desafio muito grande. Mas tenho certeza de que os sindicatos serão parceiros na renovação – eles assumiram este compromisso comigo agora. A entidade não está destruída, apenas passando por difilculdades. Vou recebê-los (os dirigentes sindicais) quinzenalmente para discutirmos os problemas, ouvir sugestões, para que sejamos parceiros. Eles são os guardiões dos maiores interesses da entidade, da empresa”, afirmou Giovanni.

Em relação a greve da CDD de Botafogo, Queiroz anunciou que dará resposta o mais breve possível. “Estamos aí em negociação com o sindicato, por apelo do Ronaldo e vamos buscar uma alternativa para resolver essa situação.”

Avaliação

Para Ronaldo, o encontro com Queiroz foi muito importante e satisfatório. Segundo afirma, a nova gerência se mostrou bastante acessível. “Debatemos com o presidente diversas situações emergenciais, do ponto de vista das condições do trabalho e da própria organização da empresa, que atravessa um momento delicado na sua estrutura. Foi muito proveitoso o debate, acho que estava faltando isso nesse processo da ECT. Saio feliz desse primeiro contato”, disse.

Diviza considerou muito positiva a proposta dos encontros quinzenais feita pelo presidente. “Ele demonstrou que quer diálogo com o movimento, principalmente com os nossos sindicatos, ligados à FINDECT, os maiores da categoria. Giovanni demonstrou preocupação, principalmente com o corpo dos trabalhadores da empresa, pois percebeu que as pessoas estão desmotivadas pelos desmandos da antiga direção. Vamos fazer o nosso papel para ajudar na reorganização. Foi um bom começo”, concluiu.

O presidende do SINTECT no Tocantins espera que “a meritocracia volte para dentro da empresa e que a mesma venha trabalhar focada na sociedade e no trabalhador. A ECT teve uma queda de qualidade muito grande, os indicadores caíram muito e a nossa expectativa é de mudança”, pontuou Rufino.

Shampoo, como prefere ser chamado, disse que a reunião como o novo presidente foi bem-sucedida e motivadora. “Este primeiro encontro foi muito bom. Saímos gratos pela receptividade do novo presidente e também pela sua disposição em trabalhar conosco para resgatar a credibilidade dos Correios. Agora é o momento de permanecermos unidos, fazendo o nosso papel de sindicalistas, com coerência, para tirarmos a empresa da crise.”

No dia 1º de dezembro os sindicalistas voltam à capital federal para um novo encontro com a Presidência da ECT.