Marcha de Mulheres apoia ocupações em São Paulo

Nesta quarta-feira (25), Dia da Não- Violência contra as Mulheres, a primavera das mulheres se reuniu com a primavera dos estudantes na capital paulista. A marcha, que começou no centro de São Paulo, se encerrou na escola estadual Caetano de Campos que está ocupada pelos alunos em protesto ao projeto de reorganização do Governo Alckmin (PSDB).

Marcha de mulheres combate a violencia e contra reorganização - Acervo UNE

“Foram as mulheres que ocuparam o Caetano”, afirmou a estudante Tamires Vasconcelos do 3º ano, uma semana ocupando a escola Caetano de Campos, da Consolação. Tamires conta que a sua realidade reflete as estatísticas em todo o país. As estudantes mulheres são maioria na sua sala, na escola e nesta ocupação.

A presidenta da União Paulista de Estudantes Secundaristas (UPES), Angela Meyer, que tem rodado dezenas de ocupações – já mais de 180 até a contagem desta quarta – confirma. “Quem tem tomado a frente das ocupações são elas. Colocando os homens para lavar, cozinhar, e viabilizando essa auto-organização”, afirmou.

Andreia Penteado é professora voluntária na Escola, integrante da União Brasileira de Mulheres (UBM) e estava lá para dar o seu apoio.

“Estou na luta com vocês e com os alunos do Caetano, contra a descriminação dos meninos e meninas de liberdade assistida – que já cometeram algum tipo de delito- que aqui no centro ainda existe isso”, afirmou.

Estiveram presentes no ato representantes da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), União Brasileira de Mulheres (UBM), estudantes e professoras

Estudantes, feministas e mães

As feministas vieram dar um recado ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB) que não aceitam o Projeto de Lei 5069 de autoria dele. Na prática o projeto que tramita no Congresso Nacional retira direitos das mulheres vítimas de estupro. E ainda vieram afirmar sua posição a favor das ocupações, que não aceitam nenhuma escola a menos, porque não aceitam corte nos serviços públicos e para garantir uma educação de qualidade para as mulheres que são maioria nas escolas.

A estudante de teatro da Udesc, Juliana Juchem (18) de Florianópolis estava passeando pelo centro de São Paulo e encontrou a manifestação. Não pensou duas vezes, pegou uma bandeira #ForaCunha e se incorporou a manifestação. “Tenho acompanhado o Fora Cunha de lá, e achei que seria uma boa apoiar aqui. A PL não vai passar, e só de ver as jovens, observar esse movimento que parte de mulheres para mulheres já tenho um sentimento muito bom, dessa união. Eu acho muito bonito isso”, destacou.

A presidenta da UPES ressaltou ainda que a luta dos estudantes também é a luta das mulheres, e das mães, que tem apoiado as ocupações . “São as mães que fazem vigília 24 horas dentro das ocupações, para que a PM não entre e agrida. São elas que vão todo dia perguntar na porta da escola como estão as coisas. Outra coisa que é uma das principais pautas que colocamos contra as reorganizações é que as mães tem 3, 4 filhos estudando na mesma região, e que pode atrapalhar o seu trabalho, uma vez que o cotidiano delas gira em torno da rotina escolas dos filhos”, explica.