Brasil tem mais de 12 milhões de trabalhadores terceirizados

Segundo dados do Dieese, o Brasil possui hoje mais de 12 milhões de trabalhadores terceirizados. A informação foi apresentada nesta quinta (27) pelo procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR), Gláucio Araújo de Oliveira, no IX Congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (Contratuh). E terceirização, como se sabe, costuma ser sinôniomo de precarização. 

Terceirização

De acordo com Gláucio de Oliveira, os terceirizados recebem 27% menos que os efetivos e não contribuem corretamente para a Previdência Social e o Imposto de Renda. "Na hora da aposentadoria, isso será um problema, para eles e suas famílias", alertou o procurador-chefe do MPT-PR.

Ele explicou que a terceirização, que começou na indústria automobilística, hoje está presente em vários setores, como transporte e logística, construção civil, petróleo e gás, tecnologia da informação, medicina, geração e distribuição de energia etc. Só neste último, ela cresceu mais de 200% nos últimos anos.

O procurador disse que a Petrobras é a empresa que mais terceiriza serviços hoje no país, nas atividades fim e meio. 

"Além da precarização nas contribuições sociais, os riscos de acidentes de trabalho aqui são 5,5 vezes maiores", enfatizou Gláucio. Além disso, a rotatividade no trabalho e a carga horária também são superiores que nos casos de contratados com carteira assinada. 

A terceirização, que no Brasil pode virar lei a qualquer momento porque há quatro Projetos de Lei prontos para votação no Congresso Nacional, começou nos EUA e na Europa durante a II Guerra Mundial, quando a indústria bélica começou a encomendar armamentos pesados a empresas terceirizadas nos contratos com os governos para agilizar as entregas.

A regulamentação dos serviços de vigilância foi o início da terceirização no país, por meio da Lei 71.102/83 e, depois, com a 6.019. Para o procurador, qualquer acordo coletivo negociado à luz de serviços terceirizados enfraquece o sindicato de trabalhadores, que assina a convenção em patamares bem menores do que seria para trabalhadores efetivos das empresas.

Expectativa de aumento da carga de trabalho

Outra pesquisa sobre mercado de trabalho, esta realizada pelo Conecta, plataforma virtual do Ibope Inteligência, que ouviu cerca de 1.000 internautas brasileiros, em outubro.

Os resultados mostram que 66% dos entrevistados esperam um aumento da carga de trabalho nos próximos dois anos, possivelmente relacionada à redução das estruturas nas empresas. Mas, ainda assim há mais otimismo e expectativa de estabilidade do que pessimismo com relação às possibilidades de crescimento profissional: 42% dos entrevistados se dizem otimistas e vislumbram boas chances de crescimento profissional (principalmente jovens até 24 anos). Os nem otimistas nem pessimistas somam 40% e os pessimistas, 15%.

O principal desafio que veem para seu crescimento profissional é a falta de recursos financeiros (31%) para ampliar sua formação ou especialização – sentida principalmente entre a classe C. A falta de oportunidades na estrutura da empresa é o segundo desafio mais citado (23%) – mencionado principalmente pelas classes mais altas.

O que mais motiva os profissionais a mudarem de trabalho atualmente é: plano de saúde (41%), horário flexível (39%), remuneração acima da média de mercado (36%), participação nos lucros (33%) e estabilidade garantida (27%). Os benefícios intangíveis aparecem somente no final da lista: estímulo à inovação e criatividade foi mencionado por 18% dos internautas, saber que o trabalho é importante para a sociedade por 17% e acreditar nos valores e missão da empresa por 16%.

A pesquisa também avaliou o impacto das tecnologias no cotidiano desses profissionais e a maioria acredita que elas proporcionam mais produtividade (53%), mobilidade e flexibilidade para trabalhar em casa (35%), além de disponibilidade para novos desafios no trabalho (26%). Apenas 9% acreditam que as novas tecnologias não produzem nenhum impacto no dia a dia profissional.

Quando questionados sobre quais tecnologias auxiliam o seu dia a dia, 66% dos internautas apontam celulares e smartphones, 59% mencionam conversas espontâneas e 45%, redes sociais/profissionais.