STF puxa a orelha e Polícia Federal diz que vai investigar vazamento
Depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de prender o banqueiro do banco BTG, André Esteves, por tentar obstruir as investigações da Lava Jato, tendo inclusive uma cópia da delação premiada de Nestor Cerveró antes mesmo de ser protocolada no tribunal, a Polícia Federal no Paraná resolveu instaurar um inquérito para apurar quem vazou.
Publicado 27/11/2015 13:41
Desde as eleições de 2014, o Portal Vermelho e outros veículos têm denunciado o vazamento seletivo de informações no âmbito da Operação Lava Jato. As investigações baseadas no Paraná se transformaram numa verdadeira central de vazamentos para alguns veículos da grande imprensa. Contudo, o juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato em Curitiba (Paraná), disse durante evento com barões da mídia, na última segunda-feira (23), que não há vazamentos na Lava Jato.
O que não se explica é como a minuta da delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró foi parar nas mãos do banqueiro André Esteves. Durante sessão extraordinária, os ministros do STF manifestaram sua insatisfação porque o documento estava protegido por sigilo, já que o acordo ainda não estava fechado.
Ainda segundo o STF, Esteves tinha uma cópia com anotações manuscritas do próprio Cerveró e de uma das advogadas que conduziu o acordo, Alessi Brandão.
A suspeita é que o documento foi fotografado por agentes da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, onde Moro comanda as investigações juntamente com a Polícia Federal e o Ministério Público. Cerveró está preso em Curitiba desde janeiro.
Citado nas gravações que levaram à prisão de Delcídio Amaral e André Esteves, o agente da PF Newton Ishii é o principal suspeito pelo vazamento da minuta da delação e de vender as informações para as revistas.
O japonês
"É o japonês. Se for alguém, é o japonês", afirma o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro.
Segundo matéria publicada pela Folha, o agente é considerado de confiança pelos delegados e pela direção da PF em Curitiba. Ainda de acordo com a publicação, ele recebeu apoio de colegas após ter seu nome citado e a corporação tentou defendê-lo dizendo que ele não se envolveria nos vazamentos, “já que está às vésperas da aposentadoria, prevista para maio de 2016”.