Stédile: Impeachment não tem base legal nem viabilidade política

O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, João Pedro Stédile, classificou o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff como “natimorto”. Segundo ele, o pedido de afastamento não tem base legal nem viabilidade política. Mesmo assim, ele avalia que os movimentos sociais devem estar alerta. E é para organizar uma reação à investida antidemocrática que a Frente Brasil Popular se reunirá na próxima segunda (7), em São Paulo, informou.

João Pedro Stédile - Valter Campanato/Agência Brasil

Para Stédile,  o acolhimento do pedido de impeachment por Cunha foi uma “atitude de desespero”, uma “autodefesa”, uma vez que ele é investigado por corrupção e lavagem de dinheiro. “Se nossos juízes fossem equânimes, ele deveria ter tido o mesmo destino do senador Delcídio Amaral. Até porque o processo é o mesmo”, criticou, em entrevista ao Portal Vermelho.

De acordo com ele, no entanto, o processo não deverá ir adiante. “Não tem base legal, não tem viabilidade política, porque facilmente o governo terá, senão a maioria, metade da Câmara. Então é muito fácil, do ponto de vista das regras parlamentares, derrubar esse processo e, portanto, é um processo natimorto”, avaliou.

Segundo Stédile, contudo, os movimentos sociais devem ir às ruas para defender a ordem constitucional. “É importante que os movimentos populares nos mantenhamos alertas e que mobilizemos nossa base para ir às ruas, defender a democracia e o mandato da presidenta Dilma e também dos governadores que foram eleitos. Porque, gostemos ou não, eles foram eleitos pelo mesmo processo democrático”, disse.

O líder do MST avaliou que a atual conjuntura deixa claro de que lado estão os atores políticos. “Esperamos que, com esse processo conturbado, fique mais claro quem é quem”, afirmou.

Segundo ele, ao mesmo tempo em que defenderá o mandato da presidenta, os movimentos sociais devem também pressionar por uma mudança na política econômica do governo. “Para que nenhum direito dos trabalhadores seja afetado, para que se mude a política de juros altos que estão praticando e para que o governo utilize os recursos que agora estão indo para os bancos para resolver os problemas da população brasileira. E, sobretudo, para que se recupere os investimentos em educação, saúde, transporte público e reforma agrária”, defendeu.

Stédile informou que, nestas quinta (3) e sexta (4), entidades do movimento social estarão reunidas para fazerem suas avaliações internas. E, na segunda-feira (7), às 13h, a Frente Brasil Popular – que reúne 66 movimentos e mais de 10 partidos -, promoverá um encontro, no Sindicato dos Bancários, em São Paulo. “E aí vamos discutir o que fazer, como parte do calendário de mobilizações e de reação a esse ataque do Cunha”, disse.