Unidos, trabalhadores e empresários lançam movimento anticrise
Em parceria com setores da indústria nacional, como o setor de máquinas e automotivo, as cinco centrais de trabalhadores lançaram nesta quinta (3), em São Paulo, o movimento “Compromisso pelo Desenvolvimento”. O lema “O Brasil é maior que a crise” colocou do mesmo lado empresários e trabalhadores propondo alternativas à instabilidade econômica.
Por Railídia Carvalho
Publicado 03/12/2015 18:21

Na ocasião foi apresentado um documento propondo mudanças emergenciais que façam o Brasil retomar o crescimento econômico.
Como parte da agenda de consolidação e estímulo das adesões à iniciativa acontecerá um ato público dia 8 no Rio de Janeiro. No dia seguinte (9) o documento-base do Compromisso pelo Desenvolvimento será entregue a presidenta Dilma.
Aproximadamente 1200 pessoas acompanharam nesta quinta a mobilização de representantes das centrais, OAB, Organizações Sociais (instituto Ethos), Confederação Nacional da Indústria (CNI), e associações de empregadores nos segmentos têxtil e de brinquedos que se negam a aceitar passivamente as previsões negativas para a situação econômica do país em 2016.
Entre as propostas do Compromisso pelo Desenvolvimento estão a adoção de políticas de reindustrialização do país, combate à paralisação do setor de construção, retomada do investimento no setor de energia como petróleo e gás e o investimento público em infraestrutura produtiva.
“A queda na produção industrial, que representava 30% do PIB e agora representa 9%, teve efeitos dramáticos na cadeia produtiva. A operação lava-jato paralisou uma parte desses setores como a construção provocando desemprego em massa”, analisou Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Ele citou os estaleiros Paraguaçu, na Bahia, e o de Angra, no Rio de Janeiro, atingidos indiretamente pelas investigações da Lava-Jato na Petrobras. Segundo Adilson, o estaleiro baiano tem agora apenas 200 funcionários de um total de 7 mil. Em Angra dos Reis as demissões devem atingir 2 mil funcionários até o final de dezembro.
“o exercício que foi praticado aqui hoje mostra que de fato nós podemos construir uma agenda diferente e todo o esforço é para construir uma agenda positiva”, opinou Adilson.
Para Carlos Alberto Guinle, diretor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), uma das signatárias do documento, as propostas do movimento são para que o Brasil readquira um ambiente de confiança.
“O empresário que tem confiança dá sua casa como garantia, compra máquina e emprega”. Ele disse que no espírito de melhorar o ambiente dos negócios a CNI entregou ao governo 94 propostas que vão ao encontro do objetivo do movimento Compromisso pelo Desenvolvimento.
A Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) tem sido muito ativa nas reuniões preparatórias do movimento encabeçado pelos trabalhadores. O presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza, questionou sobre o que mudou no Brasil de “de sete anos pra cá” quando o Brasil vivia uma situação de pleno emprego e inflação baixa.
“O nosso setor foi um dos mais prejudicados pela crise mas o Brasil tem condições de sair da crise, que é uma crise fabricada e mais política do que econômica”, disse Pastoriza.
Ricardo Patah, da União Geral dos Trabalhadores (UGT), disse que a principal qualidade do movimento é a demonstração da energia dessa unidade. “É preciso traduzir para o concreto o que está nos nossos corações e mentes. Nós precisamos da indústria brasileira e para isso é preciso construir um pacto entre trabalhadores e empresários, que é o que estamos vendo hoje”, elogiou.
Além de empresários e trabalhadores e diversas entidades da sociedade civil o movimento Compromisso pelo Desenvolvimento conta com a parceria do corpo técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese).