Golpismo de Paulinho provoca reação de sindicalistas da Força Sindical

Aliado fiel de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e com uma reputação não menos ilibada, Paulinho da Força, deputado federal pelo Solidariedade de São Paulo, bem que tentou arrastar a Força Sindical para apoiar o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, mas o tiro saiu pela culatra.

Paulinho da Força e Cunha

No sábado (5), Paulinho disse em seu blog que a Força Sindical estava à frente dos protestos na porta da residência de deputados contrários ao impeachment. Foi o que bastou para promover uma reação em cadeia de lideranças da central sindical.

“Não houve nenhuma reunião da Força Sindical nem deliberação sobre o impeachment. Respeitamos a opinião de Paulinho e do Solidariedade (…) Agora, na central convivem diversas linhas partidárias. Nossa central se caracteriza pela convivência harmoniosa entre todas as correntes de opinião”, afirmou o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves (Juruna), ao blog do Camarotti.

José Pereira dos Santos, da diretoria nacional da central, disse em entrevista ao Portal Vermelho que a posição de neutralidade assumida por Miguel Torres, presidente da Força, é a correta, mas enfatizou: “Eu, pessoalmente, sou contra o impeachment. Isso não vai resolver o problema do povo brasileiro, nem dos trabalhadores. Não sou a favor do modo que se está governando, mas acho que temos um passado que nos mostrou que golpe jamais devemos aceitar”.

“Realmente, o governo tem falhado muito, isso é claro e notório para todos, mas isso não dá o direito de um presidente da Câmara, por questões pessoais, usar o impeachment para fazer negociata. Não podemos ser a favor disso jamais!”, enfatizou Pereira, ressaltando que Eduardo Cunha foi responsável pelas principais pautas que prejudicavam o trabalhador no Congresso, como o projeto de terceirização que retirava direitos trabalhistas.

A Força Sindical Paraná, presidida por Sergio Butka, publicou um vídeo nas redes sociais em que afirma: “Estamos diante de um golpe para flexibilizar direitos conquistados com anos de luta pelo povo brasileiro…Golpismo não! Retomada do desenvolvimento já!”.

Jorge Nazareno Rodrigues, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e região, também afirmou em entrevista ao Brasil 2 Pontos, que é “contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff”.

“Ela foi eleita e seu mandato tem de ser respeitado. Essa é minha posição pessoal e, acredito, da totalidade da minha diretoria. Para a Força Sindical, a neutralidade é mesmo a posição mais correta, porque se trata de uma central que sempre foi muito contundente na defesa da pluralidade. Nossa central reúne militantes do PDT, do PSB, do PT, do PSDB, do Solidariedade, enfim, de uma gama muito grande de partidos políticos. São interesses diferentes, que merecem respeito”, afirmou Nazareno.

Para Sergio Luiz Leite, presidente da Federação do Químicos do Estado de São Paulo (Fequimfar), a “neutralidade declarada pelo presidente Miguel Torres é a posição mais correta para preservar a unidade entre nossos filiados até que haja um debate mais aprofundado”.

Outro a comentar o assunto foi Euzébio Luís Pinto Neto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis e Lojas de Conveniência do Rio de Janeiro. “Eu sou radicalmente contra o impeachment”, disse ele. E completa: “Esse impeachment que tentam submeter a Dilma é comandado por pessoas sem nenhuma credibilidade, como é o caso do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. A esta altura, todos já sabem quem ele é e a quais interesses está ligado. Ele trabalha movido pela ambição pessoal. Os que estão atrás dele nunca tiveram projeto para os trabalhadores e os menos favorecidos. Ficar contra o impeachment é igual a barrar esse golpismo e defender a democracia”.