Trensalão: MP denuncia quatro ex-dirigentes do Metrô por improbidade

A Promotoria de Justiça do Patrimônio do Ministério Público paulista impetrou ação, na última sexta-feira (4), denunciando quatro ex-dirigentes do Metrô de São Paulo por improbidade administrativa. A denúncia é parte do processo que investiga o trensalão tucano, esquema de propinas e fraudes em licitações durante os governos do PSDB em São Paulo desde 1998.

MP denuncia 11 executivos por envolvimento no cartel de trens

Os quatro vão responder por lesão ao erário e enriquecimento ilícito, numa violação aos artigos 10 e 11 da Lei de Improbidade. A informação foi publicada pela Agência Estado nesta terça-feira (8).

Entre os denunciados estão o ex-presidente do Metrô Sergio Avalleda e os executivos Nelson Scaglione, Sergio Brasil e José Jorge Fagali. Todos foram acusados de participar do esquema de corrupção promovido pelo cartel de empresas contratadas pela companhia nos governos tucanos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin.

A ação ainda pede a devolução aos cofres públicos de R$ 7,3 milhões pelos denunciados. O crime gerador do processo aberto pelo MP foi a contratação, sem licitação, da MGE Equipamentos Ferroviários, em 2005. A empresa realizaria reparos em motores de tração nas linhas Azul (1), Verde (2) e Vermelha (3) do metrô, por R$ 5,57 milhões. Os quatro eram membros da comissão de licitação que elegeu a empresa vitoriosa.

Sem quaisquer consultas ao mercado, o contrato se baseou apenas “em estudo comparativo de preços unitários de contratos anteriores”, ou seja, num flagrante vício de origem.

“A empresa contratada foi beneficiada de forma ilegal e Inconstitucional. O procedimento licitatório padece de manifestos e insanáveis vícios decorrentes da não observância das formalidades indispensáveis à sua existência e seriedade”, argumenta o promotor.

A MGE é tida pelo Ministério Público como integrante do cartel metroferroviário que teria agido dentro do governo de São Paulo entre 1998 e 2008. A ação é de autoria do promotor de Justiça Otávio Ferreira Garcia e tramita na 4.ª Vara da Fazenda Pública da Capital.

A promotoria pede também a dissolução das empresas do cartel e a devolução de aproximadamente R$ 1 bilhão aos cofres públicos, segundo a reportagem. Um total de 18 empresas teria participado de conluio com objetivo de fraude contra o Estado.

“O promotor destaca que ‘as ilegalidades, de tão flagrantes’, fizeram com que o Tribunal de Contas do Estado julgasse irregulares a concorrência, o contrato, o termo aditivo de prorrogação contratual e de reajuste de preço”, afirma a reportagem.