Cerveró reforça que esquema na Petrobras começou no governo FHC

Segundo matéria publicada pela Folha de S. Paulo, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró disse em depoimento a procuradores da Lava Jato que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) recebeu US$ 10 milhões da multinacional Alstom durante o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso (PSDB), entre 1999 e 2001. A afirmação reforça os depoimentos de outros delatores da Lava Jato, como Pedro Barusco, que apontam que o esquema de corrupção na Petrobras começou durante o governo FHC.

alstom Cervero

Na época, Delcídio ocupava a diretoria de Óleo e Gás da Petrobras por indicação de FHC. Cerveró, que foi indicado por Delcídio para ocupar uma das gerências, disse que o pagamento da Alstom foi por conta da compra de turbinas para uma termoelétrica que seria construída no Rio, a TermoRio, por US$ 550 milhões, no contexto do apagão que ocorreu no governo de FHC entre 2001 e 2002.

Vale destacar que a Alstom também é uma das investigadas no esquema do trensalão do governo tucano de São Paulo, esquema de propinas e fraudes em licitações no metrô, trens e setor de energia nas gestões do PSDB desde o governo de Mário Covas, em 1998, por coincidência ou não, mesmo período do esquema citado na Petrobras.

Diante dos fatos que aos poucos vem sendo revelados, os tucanos, que até poucos dias comemoraram a prisão de Delcídio, já estão de orelha em pé.

Segundo Cerveró, o valor foi pago porque a Petrobras tinha pressa em construir termoelétricas por causa do apagão que ocorreu no governo de FHC entre 2001 e 2002. Ainda de acordo com o depoimento de Cerveró, para executar o serviço a Alstom acionou o lobista Afonso Pinto Guimarães, que cuidava dos interesses da multinacional no Rio.

Cerveró disse que ele também recebeu suborno da Alstom na compra das turbinas por meio de pagamento de uma conta na Suíça, que foi uma das causas da abertura de um processo criminal naquele país. Cerveró fez um acordo com procuradores suíços e pagou multa.