Publicado 15/12/2015 17:02
Eles gostam de se apresentar como a “voz da rua”, ou “povo brasileiro”. Mas não são nem uma coisa nem outra – fazem parte da elite branca, endinheirada e que, em 2014, votou em Aécio Neves.
Esta é a realidade que o Instituto Datafolha descreveu ao traçar os perfis dos manifestantes que, em março, agosto e dezembro de 2015, saíram às ruas para protestar contra a presidenta Dilma Rousseff e os governos dirigidos pelo PT.
Os perfis se repetem. Embora em número muito menor (40 mil, disse o Instituto Datafolha), as pessoas que saíram às ruas neste domingo (13) são do mesmo grupo social das que haviam saído em 15 de março (210 mil manifestantes) e em 16 de agosto (135 mil).
A idade média aumentou; no domingo era 48 anos; em março, foi 40 anos e, em agosto, 45 anos.
Eram também mais ricos. A renda mensal média era superior de 44% deles era superior a 10 salários mínimos (R$ 7880,00). Em março, um pouco menos estavam nessa faixa: eram 41%. Em agosto, foram 42%.
A imensa maioria era formada por brancos; pelo menos assim se definiam 80% dos manifestantes. Em março eram 69% e, em agosto, 75%.
Num quesito politicamente decisivo, 84% disseram ter votado em Aécio Neves na eleição de 2014; em março, os eleitores do tucano foram 82%. Em agosto, foram 77%.
As manifestações oposicionistas que se repetem, e visivelmente diminuem de tamanho, revelam um nítido corte de classe. Aqueles que tem saído às ruas, contra o governo (contra o PT e as esquerdas) incluem militantes da extrema direita (em número menor mas significativo) e outros que se definem como de direita ou de centro. Não são o “povo brasileiro”, como gostam de se definir, nem falam por ele. Os indicadores escolhidos mostram que os manifestantes de domingo eram mais idosos, ricos, brancos e tucanos do que foram em março ou agosto. Ele formam, cada vez mais nitidamente, o polo da luta política que autoriza análises de classe, muitas vezes apresentadas como a luta de “pobres” contra “ricos”.