Palestinos acusam possível embaixador de Israel no Brasil por crimes
As autoridades e a comunidade palestina ficaram indignadas com a indicação de Dani Dayan, um dos maiores apoiadores da política de assentamentos ilegais nos territórios ocupados por Israel, como embaixador desse país no Brasil.
Publicado 26/12/2015 14:52

Muhammed Asaad El-Ewewy, professor da Universidade de Jerusalém, deu uma entrevista à Sputnik criticando a decisão de Israel e elogiando a posição cautelosa das autoridades brasileiras:
"Eles cometem crimes de guerra (e política de assentamentos é um crime de guerra evidente) e depois recebem um cargo diplomático, este fato contradiz todas as leis de diplomacia. A posição do Brasil era previsível porque nós sempre respeitamos os povos e governos da América Latina por causa da sua posição em relação ao mundo árabe e especialmente em relação à Palestina”.
Ele também apelou à abertura de processos penais contra os ocupantes da Palestina: "É preciso boicotar e processar no Tribunal Penal Internacional todas as pessoas ligadas à ocupação da Palestina, por cada crime de guerra cometido. É preciso aplicar os esforços conjuntos dos países árabes e demais que reconhecem os direitos do povo palestino para responsabilizar os criminosos”.
"Cada dia as Forças Armadas dos ocupantes cometem crimes contra palestinos e os líderes da resistência <…> é preciso criar uma pressão internacional contra os ocupantes", concluiu o professor.
A candidatura de Dani Dayan para o cargo de embaixador israelense no Brasil foi apresentada oficialmente em agosto. Desde então, o país não se manifestou a respeito.
Na quarta-feira (23) a embaixada da Palestina no Brasil rompeu o silêncio diplomático afirmando que desaprova desta nomeação.
Uma fonte na embaixada palestina citada pelo jornal Valor Econômico informou de um encontro com a representação brasileira em Ramalá, capital da Autoridade Nacional Palestina.
O Brasil, por sua parte, não aprova da política de assentamentos ilegais que Israel realiza na Cisjordânia, território reclamado pela Palestina e reconhecido pela comunidade internacional como ocupado por Israel. E Dani Dayan presidiu durante seis anos, de 2007 a 2013, o Conselho Yesha, que representa os colonos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
Em vista da postura brasileira e da situação internacional atual, dar credencial a Dayan significaria fomentar as divergências já existentes entre Israel e a Palestina e aumentar a tensão internacional.
Nesta sexta-feira (26), o ex-chanceler do país, Celso Amorim, concedeu entrevista ao jornal paulistano Folha de S.Paulo sobre o caso. Amorim também critica Dayan por causa de sua origem.
"Aceitar como embaixador uma pessoa que foi líder de políticas de assentamentos em Israel seria uma aceitação tácita dessa política, à qual o Brasil se opõe. Não é possível aprovar esse embaixador", afirma Amorim
Do Portal Vermelho, com Sputnik e Brasil 247