Afastar Dilma é defender a corrupção!

Certamente por receio que a presidenta Dilma cumpra fielmente uma das suas principais propostas de campanha (“não deixar pedra sobre pedra”, em relação aos casos de corrupção) é que percebemos o esforço descomunal de notórios corruptos na luta para afastar Dilma da Presidência da República, antes que ela os pegue com a boca na botija.

Eduardo Cunha - Miranda Muniz
 · Miranda Muniz

Declarações de duas figuras antagônicas, divulgadas recentemente, ajudam a explicar a diminuição em 70%, segundo o insuspeito instituto de pesquisa Data Folha, do número de participantes que saíram às ruas no dia 13 de dezembro clamando pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff : a primeira, do filósofo e cientista político Marcos Nobre e a segunda, da socialite Rosângela Lyra (ex-sogra do jogador Kaká).

Perguntado numa entrevista ao jornal “El País” se existiria “Lava Jato sem o Governo atual”, Marcos Nobre respondeu enfaticamente: “Pode-se dizer qualquer coisa, o que não se pode dizer é que o Governo Dilma bloqueou a Lava Jato (…) Outro Governo, um eventual Temer, por exemplo, vai obstruir? Não sei, mas o fato do movimento político, capitaneado por Eduardo Cunha, de deflagrar o impeachment é um sinal de que há alguma esperança de que, derrubando o Governo, e colocando o vice, seja possível adiar a prestação de contas com a Justiça.”

Já a Socialite e presidenta da Associação dos Lojistas dos Jardins (SP), “ex-madrinha” de grupos reacionários como o “Vem Pra Rua” e “Acorda Brasil”, declarou arrependida de ter engrossado o coro dos “impitimeiros” e explicou os motivos “Meu ponto de virada foi quando eu percebi a importância da Lava Jato e a não interferência da Presidente. A gente se acostumou a mudar os personagens da história, e não o enredo. Prefiro mudar o enredo. Tem que pegar os corruptos, seja do PT, do PMDB, do PSDB, do PP. Esse meu posicionamento vai ao encontro do que pensam os investigadores da Lava Jato. Na última coletiva, perguntaram se havia interferência do governo na operação. Os investigadores disseram que não havia. Poderiam ter se esquivado ou respondido com menos ênfase, mas foram categóricos”. E vai mais além ao afirmar que “se a Lava Jato tem hoje o peso que tem, foi porque Dilma sancionou a lei que prevê a delação premiada e deixa a operação funcionar”.

É inegável a postura isenta como o Governo Federal vem se comportando em relação à Lava Jato e outras operações que tem desmontado verdadeiros esquemas de corrupção incrustados secularmente na administração pública.

Alguns dias antes do segundo turno da eleição presidencial, em entrevistas concedidas as emissoras de TV Globo e Record, a Presidenta já deixava claro sua determinação em combater sem tréguas a corrupção ao afirmar que não iria “deixar pedra sobre pedra”.

Posteriormente, já reeleita, em entrevista ao Jornal Nacional ela reafirmou “Você pode ter certeza: eu não falei contra a corrupção e impunidade só durante a eleição. Eu não só falei durante a eleição, como você pode ter certeza que eu farei o possível e o impossível para colocar às claras o que aconteceu. Neste caso da Petrobrás e em qualquer outro que apareça. Não vou deixar pedra sobre pedra.”

Essa percepção de parcela cada vez maior da população quanto à honestidade e honradez da Presidenta e de sua determinação em não deixar nada debaixo do tapete, é o fato mais relevante nos dias atuais, ainda mais quando o povo vai tomando consciência de que seu eventual impedimento, além de uma violência contra a Democracia, conduziria à Presidência da República, mesmo sem voto, o atual vice Michel Temer e, para “vice”, Eduardo Cunha, atual presidente da Câmara dos Deputados.

Uma duplinha “do barulho” e que não resiste a uma pesquisa no Google, sobretudo se seus nomes tiverem associados às palavras “corrupção”, “evasão de divisas”, “contas na Suíça”, “lavagem de dinheiro” e outros “malfeitos”.

Certamente por receio que a presidenta Dilma cumpra fielmente uma das suas principais propostas de campanha (“não deixar pedra sobre pedra”, em relação aos casos de corrupção) é que percebemos o esforço descomunal de notórios corruptos na luta para afastar Dilma da Presidência da República, antes que ela os pegue com a boca na botija.

Felizmente, muita gente de boa fé que engrossavam as manifestações “genéricas” contra a corrupção, começa a perceber que o impeachment fajuto não passa de um engodo de quem quer afastar a presidenta Dilma para “roubar mais”. Ou, conforme a ironia debochada do humorista e escritor Gregório Duvivier, trocar Dilma por gente da estirpe de Eduardo Cunha, Aécio Neves e outros notórios "impitimeiros" corruptos é o mesmo que “querer limpar o chão com bosta”.

Miranda Muniz – agrônomo, bacharel em direito, oficial de justiça-avaliador federal, dirigente da CTB/MT e presidente do PCdoB de Cuiabá-MT.