Povos tradicionais do Equador encontram na cultura uma fonte de renda
Na luta pela subsistência a humanidade busca alternativas cada vez mais engenhosas para encontrar um sustento e ao mesmo tempo dar sentido à vida, uma dinâmica que os equatorianos estão aprendendo e começa a dar frutos.
Publicado 04/01/2016 15:40

Os empreendimentos são uma forma de vida no país andino, com o qual seus habitantes se interpõem às circunstâncias sociais, às relações políticas, às situações do meio ambiente e até à crise econômica.
E neste processo espontâneo de encontrar alternativas, não são poucos os que se “autodescobrem” com dons que nem imaginavam que tinham. E alguns acabam por serem surpreendidos com um reconhecimento nacional.
Para fomentar os novos empreendedores o Governo do Equador criou o Instituto de Economia Popular e Solidária, cuja função é unir esforços junto a outras entidades para impulsionar as boas práticas e gerar empregos.
Um dos casos de sucesso é o de Rosario de Lourdes Tabango, de 48 anos, moradora da província de Imbabura, que neste ano de 2015 venceu o Campeonato Mundial Hornado (um prato típico do Equador). Meses depois do sucesso, ela continua com sua tenda no mercado municipal de Otavalo, a 90 km da capital Quito, onde entre a produção de um prato e outro concede entrevistas, apesar de não ser de falar muito.
O Hornado consiste basicamente em carne de porco assada acompanhada de milho, tortilha de batata, tomate e alface, tudo regado a um saboroso molho. Por ser um prato muito popular, Rosario precisou desbancar cozinheiras de mão cheia de todo o país para receber o título de “Melhor Hornado”. E a disputa continua no dia-a-dia porque a barraca dela é apenas uma das dezenas de famílias cujo sustento vem da venda da mesma combinação equatoriana.

Os povos originários de Otavalo dividem o tempo entre passeios turísticos, a agricultura e os trabalhos domésticos | Foto: Andes
As mães de Otavalo agora dividem seu tempo entre passeios turísticos para apresentar a região aos visitantes e a produção diária de artesanatos, o trato da lavoura, e o cultivo de alimentos típicos como milhos e quinoa. A pesar da dificuldade do idioma, estão aprendendo algumas palavras em inglês para garantir uma comunicação básica com os estrangeiros.
O novo empreendedorismo e o Estado
Em 2015 o governo investiu mais de 83 milhões de dólares em compras públicas dos setores têxteis, alimentícios, limpeza, serviços e lazer. A expectativa é que em 2016 o investimento seja de 95 milhões, ampliado para os setores hospitalar, e mecânica.
Há ainda um planejamento para que os produtos dos pequenos produtores comecem a ser comercializados em supermercados locais e exportados. O Instituto de Economia Popular e Solidária pretende alcançar mais de 8,7 milhões de dólares de investimento privado.