Povos tradicionais do Equador encontram na cultura uma fonte de renda

Na luta pela subsistência a humanidade busca alternativas cada vez mais engenhosas para encontrar um sustento e ao mesmo tempo dar sentido à vida, uma dinâmica que os equatorianos estão aprendendo e começa a dar frutos.

Hornado equatoriano - Andes

Os empreendimentos são uma forma de vida no país andino, com o qual seus habitantes se interpõem às circunstâncias sociais, às relações políticas, às situações do meio ambiente e até à crise econômica.

E neste processo espontâneo de encontrar alternativas, não são poucos os que se “autodescobrem” com dons que nem imaginavam que tinham. E alguns acabam por serem surpreendidos com um reconhecimento nacional.

Para fomentar os novos empreendedores o Governo do Equador criou o Instituto de Economia Popular e Solidária, cuja função é unir esforços junto a outras entidades para impulsionar as boas práticas e gerar empregos.

Um dos casos de sucesso é o de Rosario de Lourdes Tabango, de 48 anos, moradora da província de Imbabura, que neste ano de 2015 venceu o Campeonato Mundial Hornado (um prato típico do Equador). Meses depois do sucesso, ela continua com sua tenda no mercado municipal de Otavalo, a 90 km da capital Quito, onde entre a produção de um prato e outro concede entrevistas, apesar de não ser de falar muito.

O Hornado consiste basicamente em carne de porco assada acompanhada de milho, tortilha de batata, tomate e alface, tudo regado a um saboroso molho. Por ser um prato muito popular, Rosario precisou desbancar cozinheiras de mão cheia de todo o país para receber o título de “Melhor Hornado”. E a disputa continua no dia-a-dia porque a barraca dela é apenas uma das dezenas de famílias cujo sustento vem da venda da mesma combinação equatoriana.


Os povos originários de Otavalo dividem o tempo entre passeios turísticos, a agricultura e os trabalhos domésticos | Foto: Andes
A cidade de Otavalo, porém, se destaca em outras áreas além da gastronomia tradicional. Muitas famílias da comunidade de Santa Barbara (pertencente ao município) encontraram no turismo comunitário uma forma de incrementar o orçamento doméstico composto basicamente pela pequena agricultura, e no caso das mulheres pelos trabalhos manufaturados. 

As mães de Otavalo agora dividem seu tempo entre passeios turísticos para apresentar a região aos visitantes e a produção diária de artesanatos, o trato da lavoura, e o cultivo de alimentos típicos como milhos e quinoa. A pesar da dificuldade do idioma, estão aprendendo algumas palavras em inglês para garantir uma comunicação básica com os estrangeiros.

O novo empreendedorismo e o Estado

Em 2015 o governo investiu mais de 83 milhões de dólares em compras públicas dos setores têxteis, alimentícios, limpeza, serviços e lazer. A expectativa é que em 2016 o investimento seja de 95 milhões, ampliado para os setores hospitalar, e mecânica.

Há ainda um planejamento para que os produtos dos pequenos produtores comecem a ser comercializados em supermercados locais e exportados. O Instituto de Economia Popular e Solidária pretende alcançar mais de 8,7 milhões de dólares de investimento privado.